De Steven Spielberg a Bradley Cooper, Caio Pimenta traz a quarta parte de possíveis candidatos ao Oscar 2022.
AMOR SUBLIME AMOR
O Steven Spielberg já passou pelos mais diversos gêneros: ficção científica, dramas de época mais pesados e mais leves, filmes de guerra, suspense, comédia… Mas, musical ainda não. Isso será quebrado em 2021 com o remake de “Amor Sublime Amor”.
A missão é árdua, afinal, o original ganhou 10 Oscars e é um dos maiores do gênero. A nova versão do Spielberg pode se aproveitar do clima propício aos musicais em uma temporada de premiações que promete ser mais animada do que a anterior marcada pela pandemia em alta nos EUA.
Por outro lado, o Spielberg faz tempo que não tem um filmaço. Ok, ele conseguiu três indicações recentes com “Lincoln”, “Ponte de Espiões” e “The Post”, mas, nenhum deles está no primeiro patamar da carreira dele. A última grande obra, na minha opinião, é “Munique”, lá de 2005.
A presença do Ansel Elgort, acusado de estupro no ano passado, também pode levantar resistências ao projeto.
THE TRAGEDY OF MACBETH
Joel Coen, Denzel Washington e Frances McDormand. Este é o timaço de “The Tragedy of Macbeth”. Baseado no clássico do William Shakespeake, a produção mostra um lorde que acaba convencido por três bruxas de que está destinado a ser o futuro rei da Escócia. Com o apoio da esposa, ele tentará tomar o poder a qualquer custo.
A produção terá o investimento da Apple e poderá contar com o know-how da A24, estúdio responsável por campanhas bem-sucedidas recentes como “Moonlight” e “Minari”.
Vejo no filme um potencial obra para dar o terceiro Oscar da carreira do Denzel Washington. Em 2017, ele bateu na trave com “Um Limite entre Nós”, perdendo para o Casey Affleck, de “Manchester à Beira-Mar“. A última estatueta dele aconteceu em 2002 com “Dia de Treinamento”, logo, pode ser que a Academia encontre a oportunidade perfeita de premiá-lo em “The Tragedy of Macbeth”. Já Frances McDormand só se fizer o desempenho de uma vida para sair premiada novamente.
A JOURNAL FOR JORDAN
Falando do Denzel Washington, ele pode concorrer em Melhor Direção. O astro comanda “A Journal for Jordan”, drama estrelado por Michael B. Jordan.
A história mostra um soldado norte-americano convocado para à Guerra do Iraque que, antes de partir, deixou uma série de cartas com conselhos para o filho pequeno. O militar morreu no conflito.
Drama baseado em fatos, uma história para fazer todo mundo sair chorando, um ator em ascensão e um diretor querido dentro da indústria: “A Journal for Jordan” pode ir longe no Oscar; basta não exagerar na pieguice.
NOITE PASSADA EM SOHO
“Todo Mundo Quase Morto”, “Scott Pilgrim”, “Baby Driver”.
O Edgar Wright possui uma das carreiras mais interessantes do cinemão americano e britânico. O Oscar, entretanto, nunca deu muita bola para ele. Quem sabe isso não muda com “Noite Passada em Soho”?
Homenagem ao terror dos anos 1960, a produção mostra uma garota com a capacidade de viajar no tempo para ir até a Londres de cinquenta anos atrás, onde conhece o seu ídolo, um aspirante a cantor. Porém, a viagem não será tão tranquila como parece.
Pelo ótimo trailer, “Noite Passada em Soho” pode se candidatar e chegar forte em direção de arte, figurino, maquiagem.
Mais do que isso, caberá à Academia ser menos conservadora para com os filmes de terror.
BENEDETTA
“Another Round” teve o caminho facilitado no Oscar 2021 de Melhor Filme Internacional pela ausência de “Benedetta”. O novo longa da carreira do diretor Paul Verhoeven, de “Elle”, seria lançado no Festival de Cannes do ano passado, mas, a pandemia atrasou tudo.
A expectativa é que do Oscar 2022 não passe.
O filme se passa no século XVII e mostra uma freira italiana que sofre de um distúrbio e tem perturbações e visões religiosas e eróticas. Assistida por uma companheira, a relação entre as duas acaba se tornando um romance.
O grande empecilho de “Benedetta” pode ser um possível conservadorismo da Academia. Vale lembrar que “Elle” ficou de fora até da pré-lista do Oscar 2017.
MAESTRO
O Bradley Cooper não escondeu que ficou chateado com a esnobada em Melhor Direção por “Nasce uma Estrela”. Agora, ele pretende obter a indicação com “Maestro”.
O projeto da Netflix mostra a relação entre o compositor Leonard Berstein e a esposa Felicia Montealegre. A produção também será focada em mostrar a perseguição sofrida pelo maestro durante o macarthismo, a luta pelos direitos civis nos EUA e contra a Guerra do Vietnã.
Como par romântico do Bradley Cooper teremos a Carey Mulligan, outro nome que a Academia demonstra um carinho e disposta a premiar em breve. Receita perfeita para chegar ao Oscar “Maestro” tem.
AMSTERDAM
Diretor mais superestimado dos últimos anos no Oscar, o David O. Russell, de “O Lado Bom da Vida” e “Trapaça”, irá lançar no fim do ano “Amsterdam”.
Os detalhes da história não foram revelados, porém, o elenco é espetacular: tem Christian Bale, Margot Robbie, Rami Malek, John David Washington, Robert De Niro, Mike Myers, Anya Taylor-Joy, Chris Rock e Michael Shannon.
Para quem teve três dos últimos quatro trabalhos indicados a Melhor Filme, “Amsterdam” precisa ser encarado como um candidato fortíssimo na disputa.
A CRÔNICA FRANCESA
O Wes Anderson demorou para emplacar uma indicação em Melhor Filme, mas, ela veio em grande estilo em 2015 com “O Grande Hotel Budapeste”. Em 2022, ele tentará novamente com “A Crônica Francesa”.
Previsto para estrear mundialmente no Festival de Cannes, o filme reúne mais uma vez um elenco repleto de estrelas em um drama de época para homenagear o jornalismo com direito a um visual arrebatador.
SPENCER
A Helen Mirren venceu o Oscar interpretando a Rainha Elizabeth. A Meryl Streep foi premiada como Margaret Thatcher.
Por que não, para completar a trinca, com a Kristen Stewart ganhadora de Melhor Atriz no Oscar 2022 fazendo a Princesa Diana?
Em “Spencer”, ela interpreta a ícone britânica no momento em que percebe que o casamento com o príncipe Charles não tem mais como continuar.
É bom lembrar que o Pablo Larraín comandou “Jackie”, filme que rendeu uma nomeação para a Natalie Portman fazendo a Jackie Kennedy.
CRY MACHO
Duas vezes ganhador do Oscar por “Os Imperdoáveis” e “Menina de Ouro”, o Clint Eastwood tenta voltar às categorias máximas com “Cry Macho”. Ele mesmo será o protagonista do projeto da Warner Bros interpretando um cowboy de sucesso do passado levando o filho de um ex-chefe para longe da mãe alcóolatra.
O Clint sempre foi capaz de driblar resistências na Academia por suas posições políticas próximas ao Partido Republicano. Com uma tensão política reduzida após a era Trump, o Oscar pode abraçá-lo novamente, especialmente, na categoria de Melhor Ator, a qual ele nunca venceu.
Seria fantástico.