De Margot Robbie em “Babylon” a Carey Mulligan, por “She Said”, Caio Pimenta traz as previsões iniciais para o Oscar 2023 de Melhor Atriz.

IMPROVÁVEL 

A Jessica Chastain teve a vitória por “Os Olhos de Tammy Faye” eclipsada por conta do tapa do Will Smith no Chris Rock. Talvez, por isso, ela irá tentar mais uma vez chegar ao Oscar com “O Enfermeiro da Morte”. O filme marca a estreia do roteirista de “Druk” na direção em Hollywood, porém, difícil acreditar nos suspenses da Netflix após tantas bombas. 

Nova parceria da Kelly Reichart com a Michelle Williams, “Showing Up” não empolgou muito em Cannes. Como a ótima, mas, subestimada atriz tem mais projetos nesta temporada, acredito que não será por este que aparecerá no Oscar. 

Mesmo sendo o grande destaque de “Não, Não Olhe”, acreditar na nomeação da Keke Palmer após as esnobadas inacreditáveis da Toni Collette e Lupita Nyong´o em grandes filmes de terror recentes parece uma verdadeira utopia. 

A sina também deve valer para a Anya-Taylor Joy, por “The Menu”. De James Cameron nunca se pode duvidar, mas, não vejo muitas chances para a Zoe Saldana em “Avatar 2”. 

Completam este time improvável a Tilda Swinton, por “The Eternal Daughter”, e a Emma Corrin em “Lady Chatterly’s Lover”. 

CORREM POR FORA 

Drama dirigido pela Sarah Polley, “Women Talking” terá um grande desafio para a temporada de premiações: eleger a sua protagonista. A Rooney Mara e a Jessie Buckley, atrizes da nova geração com indicações recentes e em alta, aparecem como os primeiros nomes do elenco na sinopse disponível no Festival de Toronto. Um indicativo.  

Mas, há também Claire Foy em busca a primeira nomeação após a esnobada por “O Primeiro Homem” e Frances McDormand, simplesmente imbatível em Melhor Atriz com três indicações e três vitórias. “Women Talking” pode se inspirar em casos recentes como “A Favorita” e “O Escândalo” emplacando mais de duas atrizes. 

Outro caso curioso vem de “The Swimmers”: produção da Netflix que irá abrir o Festival de Toronto conta com as irmãs gêmeas Manal e Nathalie Issa como protagonistas. Elas interpretam jovens nadadoras sírias refugiadas lutando para chegar aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016. Interessante saber como será definido quem vai de protagonista e de coadjuvante. 

A Sally Hawkins tenta voltar ao Oscar após a nomeação por “A Forma da Água” com “The Lost King”. No filme do Stephen Frears, ela interpreta uma historiadora amadora que decide ir atrás dos restos mortais de Ricardo III. Produções britânicas nunca podem ser subestimadas no Oscar, mas, há outras produções com mais cara da premiação do que esta. 

Pensou que não teria cinebiografias aqui? Elas estão representadas com a Helen Mirren vivendo a ex-primeira-ministra israelense Golda Meir. Em outros tempos, seria um papel perfeito para um Oscar, mas, com a internacionalização da Academia, vejo maiores ruídos para uma figura política controversa ainda que bastante respeitada. 

Completam o time das que correm por fora a Da’Vine Joy Randolph em “On the Come Up”, Marion Cottilard, de “The Brutalist” e a Keira Knightley, por “O Homem que Odiava as Mulheres”. 

FIQUE DE OLHO 

Não falei que a Michelle Williams estaria de volta? Eis ela aqui com “The Fabelmans”, onde irá interpretar a mãe do Steven Spielberg. Se o diretor acertar no tom sem escorregar na pieguice excessiva, é uma personagem para colocar esta ótima, mas, subestimada atriz em condições de, pelo menos, ser indicada. A questão será se ela não vai ser deslocada para coadjuvante. 

Emma Thompson teve um desempenho excepcional em “Boa Sorte, Leo Grande”. Longe do Oscar desde 1996, certamente haverá muito apoio do público, da crítica e da ala britânica da Academia para que ela seja indicada. 

Não fosse um filme cercado de tantas polêmicas e tivesse uma pegada mais convencional do que parece propor Andrew Dominik em “Blonde”, a Ana de Armas fazendo Marylin Monroe estaria fácil no hall das favoritas. A repercussão em Veneza irá definir para onde ela vai nesta corrida. 

Já a Taylor Russell poderia ter aparecido no Oscar em “Waves”, mas, surge como uma potencial surpresa pelo desempenho em “Bones & All”, enquanto a Florence Pugh conta com “The Wonder” e, principalmente, “Não se Preocupe Querida” para voltar à festa após ser indicada por “Adoráveis Mulheres”. A Greta Gerwig está em “Ruído Branco”, logo, será uma das apostas da Netflix para a categoria.  

E as cinebiografias atacam novamente, desta vez, com duas atrizes negras: a Naomie Ackie terá a missão de interpretar Whitney Houston em “I Wanna Dance With Somebody”. Levando em consideração que, nos últimos três anos, tivemos personagens inspiradas em estrelas da música ou da TV nomeadas na categoria, há boas chances sim da jovem estrela aparecer no Oscar. Porém, Naomie terá pela frente Regina King interpretando Shirley Chisholm, a primeira candidata negra à presidência dos EUA. 

Fecha o time a Judi Dench em “Allelujah”, afinal, a britânica que soma oito indicações ao Oscar nunca, jamais pode ser desconsiderada. Ou você não lembra este ano quando a vimos por “Belfast”? 

 AS FAVORITAS

Aqui, temos um grupo de gigantes do cinema americano com os mais diversos objetivos. 

A Cate Blanchett, por exemplo, chega para lutar pelo terceiro Oscar com “TÁR” ao interpretar uma aclamada maestrina.

As imagens iniciais no teaser do filme dão a dimensão da entrega corporal da estrela, característica sempre reconhecida pela Academia. 

Viola Davis estará em “The Woman King”, épico ambientado na África com mulheres negras de protagonistas.

Em 2023, ela seguirá na busca para se juntar à Halle Berry como as únicas intérpretes pretas vencedoras de Melhor Atriz. 

A Danielle Deadwyler, porém, pode passar na frente com “Till”.

No longa da MGM, ela faz uma personagem baseada em um caso real que lutou pela prisão dos responsáveis pelo linchamento do seu filho adolescente, em 1955.

Uma história e uma luta que parece longe de acabar nos EUA em constante tensão racial. 

Ainda no campo da representatividade, temos a Michelle Yeoh.

Estrela do fenômeno “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, ela tentará ser a primeira atriz de origem asiática a vencer a categoria.

Apoio de uma parte significativa do público e das redes sociais, fãs do longa da A24, ela terá. 

Margot Robbie em dose dupla com “Babylon” e “Amsterdam” e a Carey Mulligan com “She Said” buscam sair do zero para, finalmente, terem suas estatuetas.

Robbie conta com diretores queridos da Academia, enquanto Mulligan joga com um tema sensível que mudou a história de Hollywood. 

Mas, para tanto, elas terão que combinar com a Olivia Colman, estrela de “Empire of the Light”, drama do Sam Mendes.

O trailer indica mais uma grande atuação da britânica, amada na temporada de premiações. 

E ainda há espaço para a Jennifer Lawrence com “Causeway” em que interpreta uma soldada do Exército norte-americano ferida no Afeganistão reaprendendo a viver nos EUA.

De Jon Voight a Tom Cruise passando por Bradley Cooper, militares sofrendo consequências duras no retorno de guerra são personagens que a Academia nunca deixa de lado. 

Mais do que nos homens, aqui, a categoria parece bastante imprevisível para apontar a grande favorita. Se tivesse que apostar agora, acredito que a Academia possa mirar em, finalmente, dar uma segunda estatueta a uma atriz negra.

Nisso, vejo a Viola como o nome perfeito pelo conjunto da obra, mas, a Danielle tem uma personagem tão boa para conquistar mais votantes que acredito nela.

De qualquer modo, uma corrida das melhores.