ATENÇÃO: texto com spoilers
Depois da emergência quase catastrófica do episódio anterior e do seu final apoteótico que representou um breve momento de felicidade para quase todos os personagens a bordo do Snowpiercer, as coisas voltam a ficar sérias e sombrias em “O universo é indiferente”, sétimo episódio desta temporada de Expresso do Amanhã. Nele, alianças são formadas, temos a aparente morte de uma personagem importante, e uma cena final arrepiante promete fazer a situação pegar fogo enquanto entramos na reta final da temporada.
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“O universo é indiferente” começa no dia seguinte à quase catástrofe do episódio anterior. A paz a bordo, pelo visto, só durou uma noite. Melanie se mostra obcecada em encontrar Layton, já que ele conhece o segredo dela e tal revelação pode acabar com Melanie e com a vida no trem, como ela é. Nesse jogo, o garotinho Miles (Jaylin Fletcher) se torna uma peça chave, e Melanie não se furta a usá-lo.
Na cena mais tensa do episódio, Melanie confronta e tortura Josie pessoalmente, para que esta revele o paradeiro de Layton. São os momentos mais tensos que Expresso do Amanhã já mostrou até agora, atuados à perfeição por Jennifer Connelly e Katie McGuinness. Anteriormente na série vimos um braço congelado como punição para quem infringe a lei dentro do Snowpiercer; neste episódio, a tortura da Melanie envolvendo congelamento também provoca angústia no espectador. Para o mérito do roteiro e da atriz que a vive, a toda-poderosa do trem nunca se torna uma mera vilã unidimensional, mas, neste episódio, a vemos tomar medidas extremas para manter seu poder.
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Um aparte: Josie morreu mesmo? Décadas assistindo a filmes e séries me ensinaram a não confiar na morte de um personagem importante sem ver o cadáver propriamente dito, mas parece que os roteiristas tomaram, sim, esse passo importante na história. Particularmente, eu tenderia a ficar decepcionado se ela retornasse no próximo episódio…
NÍVEL DE ANSIEDADE NO MÁXIMO
Vemos Melanie lidando de forma assustadora com uma crise, mas outra começa a se formar ao seu redor… Em nome do poder, e sentindo o cheiro do sangue no ar, os Folger e o comandante Grey (Timothy V. Murphy) tentam recrutar Ruth para ajudá-los num plano para tirar Melanie de cena e assumir o comando do trem, ficando assim próximos ao “Sr. Wilford”. Em outra cena perfeitamente atuada e carregada de subtexto, vemos a atriz Alison Wright usar o seu rosto interessantíssimo para mostrar seu aceite no complô, quando Ruth é destratada por uma estressada Melanie. A partir dali, vemos que ajudar sua comandante no “ingrato trabalho” – nas palavras de Melanie – de administrar o trem passa a não ser mais prioridade para Ruth.
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E se a perspectiva de uma articulação sinistra entre membros da primeira classe para tirar Melanie do poder já parece empolgante, a cena final do episódio, então, eleva o nível de ansiedade lá para cima. É quando vemos um angustiado Layton se aliando justamente à pessoa mais improvável para compartilhar o segredo de Melanie. É o tipo de momento que roteiristas de TV anseiam para criar, aquele que deixa o espectador roendo as unhas até o próximo episódio.
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Em termos visuais, o grande momento do episódio é mesmo a confrontação entre Melanie e Josie, filmada com precisão pela diretora Helen Shaver. É um momento muito bem encenado, mas o grande trabalho de direção nesse episódio é mesmo com os atores: McGuinness, Wright, Daveed Diggs, Shaun Toub (roubando algumas cenas como Terence e fazendo o máximo com seu personagem seboso) e Jennifer Connelly estão todos incríveis, com a última novamente dando vida à figura mais fascinante da série. Como toda pessoa acuada e com medo de perder seu poder, a Melanie aos poucos começa a perder o controle e a fazer coisas terríveis em nome da preservação do frágil equilíbrio a bordo do Snowpiercer. Mas há outras forças ameaçando esse equilíbrio, e uma mudança de status quo neste momento parece inevitável. Por mais que ela lute para manter o poder e a farsa a bordo do trem, o universo é indiferente mesmo.