De Willian Wyler, por “Ben-Hur”, a Carol Reed, de “Oliver!”, Caio Pimenta apresenta o TOP 10 dos ganhadores do Oscar de Melhor Direção nos anos 1960.
10. CAROL REED, por “OLIVER”
A décima posição fica por conta de Carol Reed, ganhador do Oscar em 1969, por “Oliver”, adaptação do clássico do Charles Dieckens.
Os números musicais podem ser extremamente bem executados e há um certo charme teatral do filme. Por outro lado, o Carol Reed não consegue dar dinamismo necessário para a história, tornando “Oliver” um exercício de paciência quase interminável.
Esta foi a terceira indicação da carreira do Carol Reed e o Oscar deveria ter ido para ele na primeira vez com “O Terceiro Homem”, em 1951.
9. TONY RICHARDSON, por “AS AVENTURAS DE TOM JONES”
“As Aventuras de Tom Jones” é um dos vencedores mais apagados da história do Oscar. A comédia somente não é pior por conta do Tony Richardson, ganhador de Melhor Direção em 1964.
Apesar da história fraquíssima, o Richardson faz o que pode para tirar o filme do marasmo. Percebe-se a busca por uma narrativa ousada, flertando com a Nouvelle Vague francesa, surpreendendo o público sempre que possível. Para o estilo quadradão reinante no Oscar nesta época, a iniciativa é de se tirar o chapéu.
Essa vitória, entretanto, é um dos resultados mais injustos do Oscar na década de 1960. Vou falar sobre isso nas próximas semanas.
8. FRED ZINNEMANN, por “O HOMEM QUE NÃO VENDEU A SUA ALMA”
O segundo Oscar da carreira do Fred Zinnemann aconteceu em 1966 pelo drama “O Homem que não Vendeu Sua Alma”.
A sobriedade e lucidez de Thomas Moore encontra vazão na elegância e inteligência de Zinnemann em transpor o roteiro brilhante de Robert Bolt para as telas.
Hábil contador de histórias dos mais diversos gêneros, o diretor apresenta, muito mais do que planos mirabolantes ou sequências tecnicamente ousadas, uma narrativa precisa e perfeita.
7. GEORGE CUKOR, por “MINHA BELA DAMA”
Da primeira para a última indicação foram mais de 30 anos, mas, o George Cukor conseguiu finalmente vencer o Oscar em 1965 pelo trabalho em “Minha Bela Dama”.
Semelhante ao Carol Reed, o George Cukor aposta em um viés também teatral na condução de “Minha Bela Dama”. A grande diferença é que, aqui, os números musicais são melhores e o visual mais marcante, fora o ritmo do filme fluir bem melhor.
Na verdade, o Oscar para o George Cukor deveria ter vindo por “Núpcias de um Escândalo”, clássico com Cary Grant, James Stewart e Katharine Hepburn pelo qual foi indicado em 1941.
6. ROBERT WISE, por “A NOVIÇA REBELDE”
A partir daqui, o nível da lista sobe demais. A sexta posição é do Robert Wise, ganhador do Oscar em 1966 por “A Noviça Rebelde”.
Somente a primeira cena com Julie Andrews cantando “The Sound of Music” seria suficiente para o Wise ter vencido o prêmio. Porém, ele vai além com um trabalho capaz de colocar um tom de fantasia e familiar para acompanhar as aventuras da família von Trapp, ao mesmo tempo, em que consegue mudar a chave e imprimir um tom de suspense e drama condizente com a reta final.
O Robert Wise superou um concorrente de peso no Oscar: nada mais nada menos do que o David Lean pelo ótimo “Doutor Jivago”.
5. WILLIAN WYLER, por “BEN-HUR”
Diretor do épico dos épicos do cinema americano, o William Wyler venceu o Oscar em 1960 por “Ben-Hur”.
Não há outra palavra que defina tão bem a capacidade do Wyler em conduzir as sequências de ação que não seja impressionante. A corrida de bigas por si só permanece empolgante sem dever em absolutamente nada do ponto de vista técnico para produções repletas de efeitos especiais nos dias de hoje.
Esse foi o terceiro Oscar da carreira do William Wyler; ele vencera anteriormente por “Rosa da Esperança” e “Os Melhores Anos das Nossas Vidas”. Curioso porque são produções que não tem absolutamente nada a ver com a dimensão de “Ben-Hur”.
4. MIKE NICHOLS, por “A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM”
O Mike Nichols foi o único ganhador da categoria de Melhor Direção que não teve o filme ganhador da categoria máxima. Isso aconteceu em 1968 pelo trabalho dele em “A Primeira Noite de um Homem”.
Neste filme primordial para a Nova Hollywood, o Mike Nichols cria uma obra transgressora tematicamente ao mesmo tempo em que conduz tudo com muita ternura e universalidade. Além disso, ele extrai atuações perfeitas de Anne Bancroft e Dustin Hoffman, algo que se tornou a marca da carreira dele.
Tudo isso apenas no segundo filme da carreira. Na boa, o Mike Nichols é um dos gênios mais subestimados da história do cinema.
3, ROBERT WISE E JEROME ROBBINS, por “AMOR, SUBLIME AMOR”
Pela primeira e única vez até aqui, o Oscar de Melhor Direção foi dividido: Robert Wise e Jerome Robbins venceram o prêmio por “Amor, Sublime Amor” em 1962.
O Robert Wise comandou as cenas dramáticas e cômicas, enquanto o Jerome Robbins conduzia as cenas de dança com extremo rigor. Essa dobradinha criou um dos musicais mais pulsantes e vivos já vistos, trazendo a violência das ruas ampliada por personagens rebeldes e sem perspectivas de futuro para um gênero até então acostumado com um universo cor de rosa.
Vai ser interessante ver o remake comandado pelo Steven Spielberg para saber se ele é capaz de conseguir imprimir, pelo menos, metade da energia dessa obra-prima.
2. BILLY WILDER, por “SE O MEU APARTAMENTO FALASSE”
O Billy Wilder venceu muito menos Oscars do que deveria: apenas duas conquistas. A última delas veio em 1961 com “Se o Meu Apartamento Falasse”.
É interessante observar como o Wilder conduz com sua elegância típica uma história que transita entre o drama de personagens errantes e até tristes com um humor irônico e refinado.
Isso faz com que “Se o Meu Apartamento Falasse” consiga ser muito mais do que aparenta e uma das obras mais complexas do cinema americano.
1. DAVID LEAN, por “LAWRENCE DA ARÁBIA”
Mesmo com tantos gênios vencedores do Oscar nesta década, era praticamente impossível o primeiro lugar ser diferente: David Lean, ganhador de Melhor Direção em 1963 por “Lawrence da Arábia”.
Diretor de épicos gigantescos, o David Lean dobrou a aposta em “Lawrence da Arábia”. Das enormes locações a uma história ampla, mas, muito bem contada, com personagens maiores que a vida, ele consegue amarrar tudo sem perder o controle em momento algum. O resultado é uma obra-prima perfeita.
Este foi o segundo Oscar do David Lean: o primeiro veio por um outro épico, porém, em escala menor, “A Ponte do Rio Kwai”.