De Kristen Stewart a Lady Gaga, Caio Pimenta analisa quais as principais surpresas e esnobadas das indicações ao Oscar 2022.
SURPRESAS
A primeira surpresa vem de Efeitos Visuais com “Free Guy”.
A produção da 20th Century Studios até aparecia com chances, mas, atrás de concorrentes como “Matrix”, “Godzilla Vs Kong” e “Ghostbusters”. Nas indicações, sorte para o longa do Ryan Reynolds.
Diga-se de passagem que a Academia depois de premiar o primeiro “Matrix” com quatro estatuetas nunca mais quis saber da franquia. Uma pena.
Em Canção Original, nunca duvide de Diane Warren: ela pode até não ganhar, mas, concorrer é com ela.
Chega à décima-terceira indicação da carreira, agora, com o fraco “Four Good Days”.
Vai perder para a Billie Eilish, mas, isso ela já tá acostumada.
O Janusz Kamiński é outro nome que o Oscar não deixe de lado.
O diretor de fotografia ganhador de duas estatuetas por “A Lista de Schindler” e “O Resgate do Soldado Ryan” foi lembrado pela nova parceria com o Steven Spielberg em “Amor, Sublime Amor”.
Concorre pela sétima vez na categoria.
Pela primeira vez na história, o Butão, país asiático ali perto do Himalaia, vai disputar o Oscar.
“Lunana” conseguiu a nomeação inédita a Melhor Filme Internacional em uma das corridas mais disputadas dos últimos nomes.
Oportunidade de ouro para conhecer o cinema de mais um país.
Se “Writing With Fire” não era esperado na lista de documentário em longa-metragem, “Um Príncipe em Nova York 2” muito menos em Maquiagem e Penteado. Essa indicação serve para continuar a tradição da categoria de nomear filmes horrorosos como aconteceu com “Malévola 2” e “Esquadrão Suicida”.
“Tick, Tick…Boom” passou longe de ter um desempenho memorável nestas indicações, porém, obteve a última vaga na sempre importante categoria de Melhor Montagem.
Em Roteiro Original, que bom a Academia ter lembrado com justiça de “A Pior Pessoa do Mundo”. Aliás, o filme norueguês merecia mais neste Oscar; poderia ter vindo uma indicação tranquila para Renate Reinsve e em Melhor Filme. Seria justo.
E quando a gente pensa que o Oscar está se renovando, certas tradições nunca são esquecidas.
Que o diga a Judi Dench, indicada pela oitava vez ao Oscar, agora, em atriz coadjuvante por “Belfast”. Sinceramente, não sei o que a Academia viu no pouco tempo de cena dela para nomeá-la.
Pelo menos, a Academia reconheceu a Jessie Buckley, ótima em “A Filha Perdida”, e o Jesse Plemons, um dos melhores atores da atuação geração pelo discreto, mas, importante papel dele em “Ataque dos Cães”.
Até um mês atrás, a Kristen Stewart aparecer no Oscar de Melhor Atriz seria algo protocolar, porém, a estrela de “Spencer” sofreu na temporada de premiações com esnobadas no SAG e no Bafta. Porém, a Academia viu meu vídeo aqui no canal e percebeu que seria um erro não nomeá-la. Agora, estou esperando meu PIX da Neon para comemorar merecida nomeação.
O Ryusuke Hamaguchi confirmou o que se anunciava nas últimas semanas e garantiu a indicação em Melhor Direção.
Por fim, “O Beco do Pesadelo” teve um desempenho melhor do que o esperado com cinco nomeações, incluindo, a derradeira vaga de Melhor Filme.
ESNOBADAS
Vamos começar com os curtas: a Disney ficou fora de Melhor Animação. “Juntos Novamente” não apareceu na lista dos finalistas. Não chegou a ser algo inédito, mas, ainda assim, chama a atenção esta ausência de um estúdio tradicional.
]elo menos, nos longas, o estúdio se deu bem e emplacou “Encanto”, “Raya” e “Luca”, parceria com a Pixar.
Também não posso deixar de citar aqui “Seiva Bruta”: tudo bem que o candidato brasileiro podia ficar de fora, não seria um absurdo, mas, a gente tinha chances de emplacar esta vaga.
Uma pena, mas, fica aqui o reconhecimento ao belo filme do Gustavo Milan e desejo o melhor para carreira dele. Em breve, virá esta nomeação.
A Ariana Grande não está no Oscar: a canção de “Não Olhe Para Cima” ficou de fora assim com a Emilia Jones com “Beyond the Shore”, de “Coda”, e “Here I Am”, de “Respect”.
Já em Trilha Sonora, não foi desta vez para o Alexandre Desplat que foi esnobado pela trilha de “A Crônica Francesa”.
Aproveitando a deixa, o filme do Wes Anderson nem mesmo em design de produção e figurino apareceu. Será que o encanto da Academia por ele acabou?
Quando você bate o olho nas indicações de “Belfast”, você pensa: “ah, o filme foi muito bem”.
Porém, analisando mais de perto, a produção do Kenneth Branagh zerou duas categorias técnicas fundamentais: Melhor Montagem e Direção de Fotografia.
Isso complica a situação de qualquer produção em busca do Oscar máximo.
Em Filme Internacional, a Academia resolveu dar um tempo no Asghar Farhadi e deixou o iraniano “Um Herói” de fora da disputa.
Já “The Rescue”, da Discovery, foi abandonado em Documentário, enquanto o Pedro Almodóvar não teve vez em Roteiro Original com “Madres Paralelas”.
Tenho que admitir que fiquei bastante triste com a esnobada na Ruth Negga, excelente em “Identidade”.
Acredito que o filme ter perdido tanta força na temporada de premiações pode tê-la deixado de fora.
Outra grande esnobada foi a Caitriona Balfe, de “Belfast”. Ela apareceu em todas as listas de premiações e ficou de fora justo na principal delas. Imagino a frustração que deve estar sentindo.
Em ator coadjuvante, a Academia deixou o Bradley Cooper de lado para abraçar o J.K Simmons.
O Peter Dinklage bem que tentou, mas, “Cyrano” não ajuda e a vaga ficou mesmo com o Javier Bardem.
Em Direção, se falava tanto do Steven Spielberg que parecia ameaçado pelo Hamaguchi, mas, quem caiu fora foi o Denis Villeneuve.
Acho que pesou muito mais a falta de vibração, de emoção em “Duna” do que o desafio de trazer para o cinema uma produção considerada como impossível de ser adaptada para os cinemas.
De todos as produções que ficaram fora de Melhor Filme, “Apresentando os Ricardos” é a que mais sentiu o baque até por conta da boa reta final de campanha que fez. A esnobada ao Aaron Sorkin em Roteiro Original, entretanto, deu uma pista de que isso poderia acontecer.
E sim: é impossível não falar das esnobadas neste Oscar sem citar a Lady Gaga fora de Melhor Atriz.
Nem mesmo as nomeações no SAG, Bafta, Globo de Ouro e Critics Choice serviram para que ela garantisse a vaga.
“Casa Gucci” não ter caído no gosto da Academia – a produção do Ridley Scott só ficou com uma indicação -, os excessos na campanha, uma possível resistência à Lady Gaga, a categoria com muitas candidatas fortes, uma interpretação que divide opiniões… tudo isso pode ter feito a estrela ficar de fora da categoria.
Sem dúvida, entra para o time das maiores esnobadas dos últimos anos.