Caio Pimenta analisa quais os pontos fortes e fracos de Michelle Yeoh, Cate Blanchett, Michelle Williams e Daniele Deadwyler na corrida rumo ao Oscar 2023 de Melhor Atriz.

MICHELLE WILLIAMS 

Querida do público cinéfilo e pela crítica, a Michelle Williams é uma das principais atrizes da sua geração sem ganhar o Oscar. E não foi por falta de oportunidades. 

A primeira nomeação veio em atriz coadjuvante com “O Segredo de Brokeback Mountain”. Cinco anos depois, concorreu em Melhor Atriz com “Namorados Para Sempre”. No ano seguinte, veio a nomeação por “Sete Dias com Marilyn”. Por fim, bateu na trave em 2017 com “Manchester à Beira-Mar“. 

“Os Fabelmans” chega com esta responsabilidade de encerrar este jejum. No longa do Steven Spielberg, a Michelle Williams conta com momentos dramáticos fortes na mesma medida em que traz um caráter lúdico e apaixonado à personagem, ilustrando bem as dicotomias daquele universo de Sam Fabelman.  

O grande problema está no fato de muitos não a encararem como protagonista do filme. Antes da Universal Pictures bater o martelo pela candidatura em Melhor Atriz, a Michelle era apontada como nome certo de vitória em coadjuvante. Perto de candidatas com predominância de tela em seus filmes, a estrela de “Os Fabelmans” pode ver suas chances enfraquecidas justamente por isso. 

Se o Globo de Ouro e o Critics Choice deixaram esta questão de lado e a nomearam para Melhor Atriz, os críticos dos EUA não foram tão generosos e ela saiu de mãos abanando dos principais deles. Hoje, está atrás das principais rivais na corrida ao Oscar. 

DANIELLE DEADWYLER 

Em um Oscar que premiou recentemente “Moonlight”, Barry Jenkins, Will Smith, Jordan Peele e Daniel Kaluuya, duas categorias seguem sendo um desafio para os negros: Melhor Direção e Melhor Atriz. Se a primeira até hoje nunca premiou uma pessoa preta, a segunda somente uma vez: Halle Berry por “A Última Ceia” no distante 2002. 

Mudar este cenário, pelo menos, em Melhor Atriz caberá a Danielle Deadwyler, protagonista de “Till”. 

No longa, ela interpreta a personagem-título, uma mulher que perdeu o filho de 14 anos, vítima de um linchamento cometido por racistas nos EUA durante a década de 1950. Esta trajetória já diz tudo sobre o tamanho da importância do papel, especialmente, em um país que pouco mudou na violência contra os negros, como provou o caso George Floyd. 

A narrativa da desigualdade em Melhor Atriz e a importância da personagem se somam à vitória no Gotham Awards como os carros-chefes para a Deadwyler nesta temporada. Porém, as últimas notícias não foram muito animadoras. 

A ausência no Globo de Ouro de Melhor Atriz dramática e também no Spirit Awards, além de quase nenhum prêmio da crítica não foram sinais animadoras. Para piorar, a Orion/United Artists não possui um investimento tão peso para campanhas milionárias como possuem a A24, Focus Features e Universal Pictures, por exemplo.  

Isso pode provocar a invisibilização de “Till”, levando muitos votantes a não se sentirem estimulados para ver o filme. O próprio tema espinhoso também afasta outra parte do público. São situações que colocam em sério risco as chances de vitória da Danielle Deadwyler. 

CATE BLANCHETT 

Que me perdoe a Kate Winslet, mas, a Cate Blanchett é a maior estrela de sua geração. Afinal, nenhuma outra estrela conseguiu dois Oscars e ainda ser presidente dos júris dos festivais de Cannes e Veneza. Isso, cá entre nós, é para poucos. 

E justamente este prestígio pode levá-la a mais uma estatueta dourada. 

Desde que foi lançado em Veneza de onde a australiana saiu premiada como Melhor Atriz, “TÁR” colocou a Blanchett em um patamar altíssimo na disputa. Ganhou os prêmios da crítica de cidades e estados importantes dos EUA como Atlanta, Boston, Chicago, Dallas, Flórida, Los Angeles e Nova York, além de indicações ao Globo de Ouro, Critics, Gotham e Spirit Awards. O público que já assistiu ao filme aponta o trabalho como o melhor da carreira dela, o que não é pouco vide tudo que já fez. 

Toda esta força quando se faz presente em uma produção forte torna a Cate Blanchett sempre competitiva. E ainda há o fato de que esta pode ser a única conquista nas categorias principais de “TÁR”: o Todd Field dificilmente ganha Direção e Roteiro Original caminha para um favoritismo de “The Banshees of Inisherin”. 

Por outro lado, a Cate Blanchett, como já dito, tem dois Oscars – o primeiro com “O Aviador” e o segundo por “Blue Jasmine”. Os votantes da Academia podem querer aproveitar o momento para consagrar uma das três rivais sem estatueta e deixar a terceira vitória da estrela de “TÁR” para outro momento. 

MICHELLE YEOH 

Chegamos então à favorita para o Oscar 2023 de Melhor Atriz: a Michelle Yeoh. 

“Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” inicia 2023 como o filme a ser batido no Oscar e este favoritismo fortalece a produção da A24 nas principais categorias, especialmente, Ator Coadjuvante, Roteiro Original e, claro, Atriz.  

Até o momento, a Michelle Yeoh gabaritou nos principais eventos, sendo nomeado no Globo de Ouro, Critics, Spirit e Gotham, além de ter levado os prêmios da crítica de regiões dos EUA como Las Vegas, Nevada, Texas, Carolina do Norte e Phoenix. 

Ela ainda carrega a narrativa da representatividade asiática em Hollywood, sendo uma das estrelas nascida na região com maior experiência na indústria norte-americana. Até hoje, nunca uma mulher nascida em um país do continente venceu Melhor Atriz. Vale lembrar como o mercado da Ásia, hoje em dia, é fundamental para os americanos, logo, a vitória da Michelle Yeoh seria um aceno importante. 

Dentro disso, há o reconhecimento desta trajetória iniciada com maior destaque em “007 – O Amanhã Nunca Morre”, de 1997. Depois, vieram sucessos como “Memórias de uma Gueixa”, “A Múmia”. “Podres de Rico” e “Shang-Chi”, além, claro, do clássico “O Tigre e o Dragão”. 

O principal desafio, hoje, para a Yeoh garantir este Oscar será ver o comportamento dos prêmios televisionados, do SAG e também do Bafta. A grande pergunta que fica é se “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” sustenta a força demonstrada na reta final de 2022 ou irá cair nas próximas semanas. Se começar a ganhar tudo, a Michelle Yeoh desponta forte para ser a favorita a Melhor Atriz.