Caio Pimenta elege os seus favoritos entre todas as categorias do Oscar 2023 com destaque para Melhor Filme e Ator.

CURTAS-METRAGENS

Vamos então para os meus favoritos começando com os curtas-metragens. A categoria de Animação, aliás, está incrível. 

Na categoria, o meu favorito é “An Ostrich Told Me the World Is Fake and I Think I Believe It”, uma mistura de “Matrix” com “Sinédoque Nova York” e uma pitada de filme de terror. É o mais criativo dos indicados ainda que o excelente “Ice Merchants” também não fique muito atrás.  

Já entre os documentários, “Haulout” deveria levar o Oscar. Em uma temporada fraca, vejo no curta o melhor a trabalhar a potência do som e da imagem para criar um cenário do apocalipse que a obra busca abordar. Somente a sequência do protagonista abrindo a porta e cercado por milhares de morsas vale o filme. 

Por fim, “The Red Suitcase” é o meu favorito em Curta de Ficção em Live-Action. Essa é uma outra categoria nada animadora, mas, tem aqui uma produção muito eficiente no suspense ao trabalhar a mise-en-scene aliada a uma direção precisa.    

CATEGORIAS TÉCNICAS

Já em Melhor Som, apesar de adorar o trabalho de “Batman”, impossível não ficar com “Top Gun: Maverick”. Impossível não entrar no filme e sentir a vibração daquele universo sempre que um avião passa na tela. Efeitos Visuais é de “Avatar: O Caminho da Água”: a equipe do James Cameron sempre se mostra capaz de antecipar a indústria. Assistir cada mergulho nos oceanos de Pandora é ver o avanço da tecnologia ao ponto em que ela estará daqui a alguns anos. 

A sequência de dança de “Naatu Naatu” conseguir ser um dos pontos altos de “RRR” no meio de tantas sequências espetaculares de ação mostra o feito da música. Fora que seria premiar uma canção, de fato, inserida na história do filme e não nos créditos finais como virou moda na categoria. Em Trilha Sonora, não chego a ficar empolgado com nenhum dos finalistas; sendo assim, respeito os mais velhos e fico com o mestre John Williams. Até para que “Os Fabelmans” ganhe alguma coisa, coitado. 

Se o Oscar dependesse de mim, “Elvis” levaria três das categorias técnicas: Design de Produção, Figurino e Maquiagem e Penteado. A exuberância da produção do Baz Luhrmann passa muito por estes setores, casando bem com o estilo espalhafatoso do próprio Rei do Rock. 

TÁR” é o meu favorito em Direção de Fotografia e Montagem. Grande parceira do Michael Haneke em filmes como “Violência Gratuita” e “Amor” e esposa do diretor Todd Field, a montadora Monika Willi imprime um ritmo desafiador ao público com o trabalho dela ecoando a rigidez da música clássica, mas, com quebras fundamentais para as doses de ironia da história. Já o DP Florian Hoffmeister revela-se uma grata surpresa após filmes nada inspiradas como “Johnny English 3.0” e “Mortdecai”.  

Em Filme Internacional, me inspiro em Milton Nascimento ao dizer que “sou da América da Sul” e, por isso, torço mesmo para “Argentina, 1985”. Será em vão, mas, se ganhar, espero que muita gente aqui no Brasil assista ao filme. Tem gente precisando.  

Já em Animação, “Pinóquio” é o meu favorito até por conta dos rivais nada impressionantes – e olha que eu gosto de “Red”. Por fim, em documentário, fico com “Vulcões”: mais do que a bela história de amor de Katia e Maurice Krafft e da ode à ciência, são as imagens absolutamente impressionantes que me conquistaram. Daria tudo para vê-lo em uma tela de cinema. 

ROTEIROS E ATUAÇÕES

Para mim, o ganhador de Roteiro Adaptado deveria ser “Glass Onion”. Passa longe de ser o ideal, mas, cá entre nós, esta categoria é uma das mais fracas da temporada. Logo, prefiro um roteiro que capaz de apresentar e desenvolver satisfatoriamente uma extensa gama de personagens, trazer um digno mistério de ‘quem matou?’ e seja mais inteligente nas críticas sociais aos ricaços do que “O Triângulo da Tristeza”. Fora que o Rian Johnson merece uma estatueta só de ter aturado os fãs malas e ingratos de “Star Wars” pelo excelente “Os Últimos Jedi”.

Quanto a Roteiro Original, eu fico com o Martin McDonagh em “Os Banshees de Inisherin”: se a direção dele não é brilhante, a construção dos personagens torna o filme instigante e imprevisível até o fim. Isso fica nítido ao ser potencializado pelo elenco. 

Em Ator Coadjuvante, me junto à unanimidade com o Ke Huy Quan, de longe, o que “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” possui de melhor. Já entre as mulheres, apesar de nenhuma me empolgar, fico com a Angela Bassett muito mais pelo histórico do que outra coisa. 

Apoiadores de Brendan Fraser, me perdoem, mas, não caio no Oscar bait: em Melhor Ator, meu favorito é o Colin Farrell com sua fragilidade ora comovente ora irritante em “Os Banshees de Inisherin”. A facilidade com que o irlandês transita entre os dois polos do protagonista torna tudo rico por ser compreensível tanto a dor que ele sente como também o sujeito limitado que ele é. 

Dos 14 bilhões de multiversos possíveis, talvez, este seja o único em que a Cate Blanchett corra o risco de perder o Oscar de Melhor Atriz. Se isso acontecer, eu prefiro ir para qualquer outro dos 13 bilhões 999 milhões 999 mil e 999 universos diferentes deste. 

DIREÇÃO E FILME

Pelo histórico, o Steven Spielberg merecia ser o vencedor, mas, aqui, o meu favorito é o Todd Field.  

Retornando após mais de uma década, ele realiza em “TÁR” uma obra em que o clássico conflita com o moderno a partir de uma personagem fascinante com discussões contemporâneas para longe dos pontos comuns. Field é um maestro observando uma gênia em decadência e o faz com brilhantismo, vigor e uma dose grande de ironia. 

Por fim, Melhor Filme deveria ir para as mãos de “Top Gun: Maverick”. Se a ideia é voltar a dialogar com o grande público, por que não abraçar uma superprodução capaz de abraçar o passado, mas, apontando para o futuro? Uma aventura simples, direta e eficiente. Fora que seria a coroação de um dos maiores astros da história de Hollywood, talvez, o último capaz de levar multidões de volta às salas de cinema. 

OS MEUS FAVORITOS DO OSCAR 2023:

  • Melhor Filme: “Top Gun: Maverick”
  • Melhor Direção: Todd Field, por “TÁR”
  • Melhor Ator: Colin Farrell, por “Os Banshees de Inisherin”
  • Melhor Atriz: Cate Blanchett: por “TÁR”
  • Melhor Ator Coadjuvante: Ke Huy Quan, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”
  • Melhor Atriz Coadjuvante: Angela Bassett, por “Os Banshees de Inisherin”
  • Melhor Roteiro Original: “Os Banshees de Inisherin”
  • Melhor Roteiro Adaptado: “Glass Onion”
  • Melhor Animação: “Pinóquio”
  • Melhor Documentário: “Vulcões”
  • Melhor Filme Internacional: “Argentina, 1985”
  • Melhor Direção de Fotografia: “TÁR”
  • Melhor Montagem: “TÁR”
  • Melhores Efeitos Visuais: “Avatar: O Caminho da Água”
  • Melhor Som: “Top Gun: Maverick”
  • Melhor Design de Produção: “Elvis”
  • Melhor Figurino: “Elvis”
  • Melhor Maquiagem e Penteado: “Elvis”
  • Melhor Trilha Sonora: “Os Fabelmans”
  • Melhor Canção Original: “Naatu Naatu”, de “RRR”
  • Melhor Curta-Metragem de Documentário: “Haulout”
  • Melhor Curta-Metragem de Ficção em Live-Action: “The Red Suitcase”
  • Melhor Curta-Metragem de Animação: “An Ostrich Told me the World is Fake and I Think I Believed it”