De Noah Baumbach a Sarah Polley, Caio Pimenta apresenta uma lista de candidatos e suas chances no Oscar 2023 de Melhor Direção.

CANDIDATOS IMPROVÁVEIS

Depois de duas vitórias consecutivas, o Alejandro González Iñarritu não deve aparecer na lista de indicados. 

Após o massacre em Veneza, “Bardo” até ganhou fatos novos para se recuperar: a previsível escolha de representar o México em Melhor Filme Internacional, uma recepção mais favorável em Telluride e o anúncio de um novo corte tirando 22 minutos do longa para ser lançado no AFI Fest.

Ainda assim, duas sensações parecem inevitáveis em torno de Iñarritu: não ser necessário mais uma nomeação a quem tanto ganhou recentemente assim como um visível desgaste dele devido ao excesso de arrogância e pretensão. 

Noah Baumbach passa por caminho semelhante com “Ruído Branco”: reações nada animadoras em Veneza e, depois, recuperação no Festival de Nova York, justamente a terra natal do diretor.

Ainda assim, se ele não foi nomeado por “História de um Casamento”, um filme muito mais bem recebido, por que acreditar que seria agora? 

Florian Zeller fecha a lista dos improváveis com “The Son”.

Aqui, é mais uma questão de decepção, afinal, depois de surpreender o mundo com o excelente “Meu Pai”, esperava-se que ele conseguisse fazer algo no mesmo nível.

Porém, o drama com o Hugh Jackman passa longe da engenhosidade da produção estrelada pelo Anthony Hopkins. 

Mais fácil uma nomeação em Roteiro Adaptado do que em Direção. 

CORREM POR FORA

Os próximos seis candidatos estão correndo por fora com poucas chances de indicações. 

Qualquer outro diretor de uma cinebiografia forte como “Elvis” estaria melhor cotado para a categoria, mas, Baz Luhrmann é um caso à parte.

O cinema de excessos do diretor – seja na estética ou nas idas e vindas da história refletindo na duração – é divisivo demais: há quem adore, mas, muita gente não suporta.

A esnobada por “Moulin Rouge”, em 2001, reflete este embate que o longa sobre o Rei do Rock não deve superar. 

Joseph Kosinski, de “Top Gun: Maverick”, tem um fator histórico recente que desanima pensar em ambições maiores: a baixa presença de diretores de filmes de ação entre os indicados.

De 2010 para cá, somente James Cameron, por “Avatar”, Alfonso Cuáron, de “Gravidade”, George Miller, por “Mad Max” e Iñarritu, por “O Regresso”, quebraram esta resistência.

O maior sucesso de bilheteria de 2022 pode ter chances maiores em outras categorias, mas, aqui, não. 

O James Gray ganhou força após o Festival de Nova York e pode crescer nas próximas semanas, sendo aquele indicado do meio cinéfilo por ser amado pelos seus pares.

Mas, até o momento, acho que fica correndo por fora.  

Igual o Darren Aronofsky: “The Whale” surge como um filme do Brendan Fraser assim como foi, por exemplo, com o Matthew McConaughey em “Clube de Compras Dallas”, Gary Oldman, por “O Destino de uma Nação” e o Will Smith, de “King Richard”.

E ainda tem o Marc Forster, de “Um Homem Chamado Otto”, comédia dramática com o Tom Hanks. Ele depende da recepção do longa para crescer na disputa.   

Já o reconhecimento ao Rian Johnson por “Entre Facas e Segredos 2” deve ficar limitado mesmo a Roteiro Adaptado. Não vejo maiores chances para Direção. 

CHANCES MÉDIAS 

Park Chan-Wook

Diretores de fora dos EUA abrem a turma com chances médias. 

Ganhador do prêmio da categoria em Cannes, o Park Chan-wook, de “Decision to Leave”, traz mais um grande trabalho na carreira em uma filmografia com forte apoio da comunidade internacional da Academia.

Já o Edward Berger conta a técnica apurada de um drama de guerra na nova versão bastante elogiada de “Sem Novidade no Front – há quem diga ser a melhor direção em um filme do gênero desde Steven Spielberg em “Soldado Ryan”.  

E os dois podem se beneficiar desta atenção maior que a Academia vem dando a cineastas fora dos EUA com as indicações recentes de Ryusuke Hamaguchi, Thomas Vinterberg, Bong Joon-ho e Paweł Pawlikowski.

A representatividade pode impulsionar três diretores negros rumo à nomeação. 

Ryan Coogler busca ser nomeado pela primeira vez na carreira com “Wakanda Forever”.

Apesar de não ser tão reconhecido como merece, o diretor traça uma filmografia para lá de consistente, empilhando sucessos com protagonistas negros em sequência.

Já a Gina Prince-Bythewood, de “A Mulher Rei”, e a Chinonye Chukwu, de “Till”, tentam ser as primeiras mulheres pretas nomeadas na categoria. 

O Sam Mendes bateu na trave em 2020 ao quase vencer o Oscar por “1917”.

Agora, ele retorna com “Império da Luz”, um drama moldado para a temporada de premiações tocando no racismo e no amor ao cinema.

O filme, porém, passou longe de decolar, sendo considerado uma obra correta demais sem a força que o tema precisa. Ainda assim, pela força do diretor, considero que não possa ser descartado. 

Já o Luca Guadagnino, premiado na categoria em Veneza, deveria estar em posição melhor, mas, como já falei em vídeos anteriores, “Bones and All” com sua temática violenta e por ser um filme de terror irá afastar muitos votantes.

Mesmo na categoria de direção que costuma ser mais aberta para novidades. Tende a ser salvo em Roteiro Original. 

GRANDES CHANCES 

A partir de agora, começam a pintar aqueles nomes que devem ficar entre os finalistas. 

Duas Palmas de Ouro são para poucos e o Ruben Östlund obteve este feito em 2022 ao ganhar com “Triangle of Sadness”.

O humor satírico dele lembra em certo grau o estilo adotado por Thomas Vintenberg em “Druk”, nomeado em 2021. Para mim, chega como o principal candidato dos internacionais à indicação. 

Os Daniels, a dupla de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, se apresenta como a possibilidade de grande surpresa da lista.

A indicação da dupla seria não só um aceno para o público, mas, também um reconhecimento a uma originalidade que, muitas vezes, falta em Hollywood aliada a um respeito e admiração pela cultura pop e ao próprio cinema que a dupla traz no filme. 

Ainda tem o Martin McDonagh tentando a primeira indicação ao Oscar de Direção por “The Banshees of Inisherin”.

Todos os elogios arrancados pelo filme até aqui seriam suficientes para colocá-lo como nome certo, porém, a situação se assemelha a 2018 quando acabou esnobado por “Três Anúncios Para um Crime”.

Melhor ser prudente. 

James Cameron elogia novo O Exterminador do Futuro

James Cameron com “Avatar” e o Damien Chazelle com “Babilônia” são diretores capazes de alterar todo o cenário no momento em que seus filmes estrearem.

Ambos são queridos pela Academia – cada um possui uma estatueta e seus últimos trabalhos tiveram ótimas recepções no Oscar.

Se os dois filmes estourarem, eles passam para o próximo grupo. 

VAGAS GARANTIDAS 

Ouso cravar três nomes com vagas garantidas para o Oscar de Melhor Direção em 2023. 

O primeiro deles não tem a menor novidade: o Steven Spielberg, por “Os Fabelmans”, não apenas será nomeado como chega com status de favorito. Pode ser uma das maiores barbadas do Oscar do ano que vem. 


O retorno triunfal do Todd Field em “TÁR” também não deve ser deixado de lado.

Com duas nomeações a Roteiro Adaptado por “Entre Quatro Paredes” e “Pecados Íntimos”, ele carrega a narrativa de ser um cineasta de grandes filmes abraçados pela Academia sem nunca ter sido indicado em Direção.

Há uma sensação de que chegou a hora de reconhecê-lo aqui também.

A Sarah Polley completa o trio de nomes garantidos.

Diretora da “Women Talking”, ela deve manter a presença feminina na categoria após as vitórias de Chloé Zhao e Jane Campion.

Respeitada pela indústria, como comprova o grande elenco que foi capaz de reunir no primeiro filme da carreira em 10 anos, a Polley tem potencial até para estragar a festa do Spielberg.