Caio Pimenta analisa quais foram os melhores e piores momentos da cerimônia de premiação do Oscar 2021.
O MELHOR
Vamos começar justamente pelo começo: o início da cerimônia com ares de “Onze Homens e um Segredo” da Regina King entrando cheia de glamour pela Union Station com os créditos iniciais deu muito estilo e dinamismo para a cerimônia. Falando no local, apesar de não ter o glamour do Kodak Theater, a Academia conseguiu otimizar bem o espaço fazendo uma festa mais intimista, pessoal, menor, mas, ainda assim, extremamente elegante.
Por conta da pandemia da Covid-19, o Oscar 2021 precisou ter pequenos palcos espalhados ao redor do planeta. Com isso, vimos o Sacha Baron Cohen na Austrália, o Florian Zeller sendo premiado em Paris e diversos artistas em Londres. Acabou servindo como um símbolo deste momento de internacionalização da Academia.
Outro acerto da Academia foi ter apresentado as cinco canções indicadas em um pré-show com tudo gravado. Não quebrou o ritmo da cerimônia e rendeu uma produção mais bem acabada para estes momentos. E a estatueta ainda foi para H.E.R – não posso reclamar.
Falando em música, a Glenn Close roubou a cena no momento Anitta. Já disse aqui: se o Oscar nunca premiar a Glenn Close, azar o do Oscar.
Hoje eu só queria estar dançando igual a Glenn Close no #Oscars 🥺 #LiveOmeleteOscar pic.twitter.com/y7EvT99WvJ
— omelete (@omelete) April 26, 2021
Porém, foi a diversidade o grande ponto deste Oscar 2021.
A vitória da Chloé Zhao, a segunda mulher a ganhar a categoria de Melhor Direção, igualando o feito da Kathryn Bigelow, de “Guerra ao Terror”, é histórica. Também tivemos o Daniel Kaluuya levando Ator Coadjuvante, a Yuh Jung-Youn se tornando a segunda asiática a vencer em atriz coadjuvante, as duas primeiras mulheres negras a levarem Maquiagem e Penteado, fora a conquista da dupla Chloé Zhao e Frances McDormand em Melhor Filme.
O PIOR
Claro que nem tudo foi uma maravilha. A previsibilidade dos ganhadores do Oscar incomodou: faltou aquela grande surpresa, aquele momento que choca todo mundo. Nem mesmo o Anthony Hopkins foi tão impensável assim; nos últimos dias, ele cresceu bastante. O mais próximo de surpreendente pode-se dizer que foi montagem indo para “O Som do Silêncio” e Canção Original para “Fight for You”, de “Judas e o Messias Negro”.
A mise-en-scence do Oscar 2021 também não foi das melhores: em alguns momentos, ficava tudo muito confuso. No momento em que a Halle Berry anuncia os indicados a Melhor Design de Produção, o coitado do cinegrafista não sabia nem para onde ir direito a ponto de quase não achar os nomeados. Fora o malabarismo da Laura Dern para se virar e olhar os indicados na hora de homenageá-los. Ficou esquisito.
Outra bola fora foi o In Memoriam que costuma ser um momento tão emocionante e tinha tudo para ser ainda mais devido às perdas dos últimos meses – Chadwick Boseman, Olivia de Havilland, Sean Connery, Ennio Morricone, entre outros -, mas, que teve um espaço tão rápido e minúsculo que não conseguiu metade do impacto pretendido.
A inexplicável troca da ordem das categorias, sem dúvida alguma, foi o pior momento do Oscar. Nas cabeças do Steven Soderbergh, Jesse Collins e Stacey Sher, produtores da festa, pela disputa de Melhor Filme já estar bastante definida com “Nomadland”, a ideia era fechar a festa com Melhor Ator e a apoteótica homenagem ao Chadwick Boseman. Porém, faltou combinar com a Academia que deu a estatueta para o Anthony Hopkins, o qual não quis ir para Londres para participar da cerimônia.
Além de quebrar uma tradição histórica da Academia de deixar o prêmio principal para o final – ocorrida apenas uma única vez para dar o Oscar honorário para Charlie Chaplin – ficou aquele buraco absurdo na festa sem desfecho.
Um anti-clímax.