De Robert Downey Jr a Ryan Gosling, Caio Pimenta analisa a corrida rumo ao Oscar 2024 de Melhor Ator Coadjuvante.

AZARÕES

Conhecido pela excelente série “The Bear”, o Jeffrey Allen White está na turma dos azarões. Em “The Iron Claw”, ele interpreta um dos inseparáveis irmãos Von Erich, lendas da luta-livre nos anos 1980. Ele divide o holofote do longa com o Zac Efron. Apesar da direção do ótimo Sean Durkin, vejo a produção muito atrás nesta temporada para conseguir levá-lo ao Oscar. 

O Glenn Howerton também surge com poucas chances por “Blackberry”. A produção sobre a promessa tecnológica que sucumbiu ao iPhone traz o ator fazendo um dos CEOs da empresa. Apesar da chamativa transformação física, considero sem muitas chances. 

Vindos de Air – A História por Trás do Logo”, Chris Messina, Ben Affleck e Jason Bateman precisam de uma boa vontade para lá de grande da Academia para subirem nas apostas. A possibilidade real da Viola Davis surgir na categoria feminina enfraquece ainda mais as chances do trio ainda que o Messina, justamente o menos conhecido deles, tenha algum caminho para surpreender. 

CORRENDO POR FORA

Indo para o time dos correndo por fora, o Teo Yoo, de “Past Lives”, se encontra em uma situação bem peculiar: não há chance alguma dele aparecer em Melhor Ator, logo, por que não a A24 trabalhar para que concorra em coadjuvante? Mesmo assim, seguiria sendo uma missão bem difícil, pois, o estúdio deverá se dedicar às corridas de Filme, Direção, Atriz Principal e Roteiro Original. Isso para não falar de um candidato que vai aparecer já já. 

Quando todo mundo só olhava para o Kodi Smit-McPhee, o Jesse Plemons surpreendeu ao ser nomeado pela primeira vez ao Oscar por “Ataque dos Cães”. Isso demonstra o carinho da indústria para este ótimo ator. Por isso, não seria absurdo pensar nele repetindo o feito em “Assassinos da Lua das Flores”. 

Indicado uma única vez por “O Regresso”, o Tom Hardy quer retornar ao Oscar com “The Bikeriders”. Pelo trailer, o astro interpreta um personagem que cai bem à persona rebelde. Fora que seria uma boa oportunidade de reconhecer uma obra que deve cair no gosto da crítica e da cinefilia, mas, com poucas chances de ir longe na Academia.  

Foi assim que o Tom Hanks, por “Um Lindo Dia na Vizinhança”, Brian Tyree Henry, por “Passagem”, e Willem Dafoe, de “Projeto Flórida”, foram indicados.  

CHANCES MÉDIAS

Subindo mais um degrau, o time com chances médias começa com o Peter Sarsgaard, de “Memory”. Aqui é a mesma situação do Teo Yoo: a briga pela quinta vaga está menos acirrada do que em Ator Principal. Se a vitória no Festival de Veneza pesa a favor, a falta de um distribuidor para o filme nos EUA é um tiro no pé em qualquer pretensão para o Oscar.  

Depois de ser solenemente ignorado pelo ótimo “First Cow”, o John Magaro quer ser a surpresa bem-vinda por “Past Lives”.

Já o Matt Damon tem concorrência pesada dentro do elenco de “Oppenheimer”, porém, trata-se de um astro popular e querido de Hollywood, no filme favorito ao Oscar e possível líder de nomeações, sem uma indicação desde 2016. Dependendo do quanto a Academia abraçar o épico do Christopher Nolan, não será surpresa vê-lo em coadjuvante. 

O Paul Mescal é o parceiro do elogiado Andrew Scott em “All of us Strangers”. Caso a produção consiga tração na temporada, há possibilidade dele ser nomeado. Por outro lado, a Searchlight Pictures conta com outros dois nomes mais fortes na corrida, o que deixá-lo em segundo plano. 

Por fim, ainda há o Sterling K. Brown: em “American Fiction”, ele interpreta um sujeito que acabou de se divorciar e decide sair do armário. Se a produção vencedora do Festival de Toronto decolar, ele passa ser uma possibilidade real de figurar na quarta ou quinta vaga. Os próximos meses serão decisivos para isso. 

GRANDES CHANCES

Lucas Hedges, Leslie Odom Jr., Kodi Smit-McPhee, Barry Keoghan…

O Oscar de Melhor Ator Coadjuvante costuma prestigiar entre os indicados jovens talentosos do cinema mundial. Este retrospecto é muito bom para o Dominic Sessa, destaque de “The Holdovers”. Chama a atenção ainda como o Alexander Payne virou especialista em filmes com coadjuvantes nomeados: foi assim em “As Confissões de Schmidt”, “Sideways” e “Nebraska”. Tem grandes chances de ser indicado. 

No mesmo time, está o Willem Dafoe: a concorrência interna com o Mark Ruffalo passa longe de ser problema, especialmente, pela categoria ter visto nos últimos anos uma série de indicações para dois atores do mesmo filme. Seria a quinta nomeação da carreira e, infelizmente, caminha para mais uma derrota no currículo. 

Se a Academia estiver encantada com o Colman Domingo, é bem possível uma dupla nomeação: por “Rustin” em Ator Principal e em coadjuvante com “A Cor Púrpura”.

Já o Charles Melton pode ser aquele nome inesperado em “May December”, destacando-se em meio a duas grandes estrelas, no caso, Julianne Moore e Natalie Portman.  

Desde a primeira exibição no Festival de Cannes de “Assassinos da Lua das Flores”, o Robert De Niro está sendo apontado como nome certo em ator coadjuvante. Mas, como não lembrar da esnobada de “O Irlandês”  em que viu os parceiros Al Pacino e Joe Pesci indicados, mas, ele não? Fora que fazem 10 anos da última nomeação pelo simpático “O Lado Bom da Vida”.  

FAVORITOS

A vez é dos favoritos e o duelo promete trazer dois parceiros históricos do Universo Marvel disputando de maneira pesada o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.

De um lado, Mark ‘Hulk’ Ruffalo e do outro Robert ‘Homem de Ferro’ Downey Jr. 

Destaque de “Pobres Criaturas”, o Ruffalo soma três indicações, todas na última década: “Minhas Mães e Meu Pai”, em 2011, “Foxcatcher” quatro anos depois, e “Spotlight”, em 2016. Esta regularidade, a capacidade de mesclar blockbusters com filmes de diretores conceituados, o carinho do público e da indústria.

Caso a Emma Stone não confirme o favoritismo em Melhor Atriz, o longa do Yorgos Lanthimos pode encontrar seu prêmio nas categorias de atuação justamente aqui. 

O eterno Tony Stark, porém, promete fazer jogo duríssimo. Interpretando o algoz do protagonista em “Oppenheimer”, o Robert Downey Jr encontra no longa do Christopher Nolan a bem-vinda mudança de chave após uma série de filmes em que interpretava a si mesmo.

Transitando entre a arrogância, covardia e a inveja no melhor estilo Antonio Salieri, de “Amadeus”, ele não cai nos pontos fáceis vilanescos em um personagem difícil. 

Além disso, um Oscar para um astro tão amado como Downey Jr seria um aceno perfeito da Academia para o público mais jovem, alvo de uma busca constante por conta dos índices de audiência. Uma vitória para unir o útil ao agradável. 

Este duelo da Marvel ganha um intruso que surpreendeu todo mundo na maior bilheteria de 2023. 

Quem foi assistir “Barbie” esperando somente um show de Margot Robbie ficou impressionado como Ryan Gosling rouba a cena como Ken. Era um papel que tinha tudo para dar errado tamanha a caricatura que o personagem representa no universo da boneca. O astro transformou o limão em uma limonada satirizando as tolices do mundo masculino em uma atuação completa, repetindo ainda os dotes aprendidos em “La La Land” no canto e na dança. 

O Oscar para o Ryan Gosling manteria uma tendência dos dois últimos anos de prêmios para atuações mais leves como foram o Troy Kotsur, de “Coda”, e o Ke Huy Quan, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”. Lógico que, aqui, elevado a uma potência ainda não vista, mas, que, com certeza, seria abraçada pelo público sem resistências. 

SE AS INDICAÇÕES FOSSEM OS HOJE, OS FINALISTAS SERIAM…

  • Robert Downey Jr, por “Oppenheimer” 
  • Ryan Gosling, por “Barbie” 
  • Mark Ruffalo, por “Pobres Criaturas” 
  • Robert De Niro, por “Assassinos da Lua das Flores” 
  • Dominic Sessa, por “The Holdovers”