De Bong Joon-Ho em Melhor Direção por “Parasita” ao prêmio de “Avatar: O Caminho da Água” em Efeitos Visuais, Caio Pimenta traz as vitórias mais indiscutíveis do Oscar nos anos 2020.

CATEGORIAS TÉCNICAS

Para começar, as categorias técnicas tiveram menos unanimidades do que se pode imaginar. 

Em 2021, “O Som do Silêncio” estava muitos patamares acima dos demais concorrentes em Melhor Som. O setor era peça mais do que fundamental na narrativa; servia para a própria construção do drama do protagonista com suas diferentes modulações, dando a dimensão exata da perda de audição do personagem vivido pelo Riz Ahmed. 

No ano seguinte, dos sete Oscars conquistados por “Duna”, dois eram mais do que merecidos: efeitos visuais em que passou o trator por 007 e os filmes da Marvel e também em design de produção com a riqueza na construção de um universo tão realista, mas, também trazendo sua dose de magia e sci-fi a partir de mundos completamente diferentes um do outro. 

Também na categoria dá para destacar “Avatar: O Caminho da Água”, ganhador deste ano que, mais uma vez, revolucionou o setor ao criar o universo perfeito dos oceanos de Pandora, além de sofisticar o movimento de captura. Por fim, o imersivo som de “Top Gun: Maverick” dando a sensação de que os jatos fazem rasantes sob a nossa cabeça era impossível de ignorar. 

ROTEIROS E ATUAÇÕES

Já entre os vencedores de roteiro, impossível discutir a vitória de “Parasita” em 2020. O Bong Joon-Ho cria uma alegoria sobre a diferença de classes tão inteligente que abriu a porteira para diversas produções do gênero no cinema e televisão.  

Meu Pai” em roteiro adaptado sobrava na disputa do ano seguinte que nem mesmo “Nomadland” conseguiu pará-lo. Por fim, neste ano, a Sarah Polley tinha o carinho da indústria e cinefilia, trazia uma pauta importante e concorria contra rivais pouco inspirados. Apesar da queda durante toda a temporada de premiações, “Entre Mulheres” sobrou fácil. 

Mesmo com o excelente “Dor e Glória”, do Pedro Almodóvar, “Parasita” era simplesmente imbatível e mereceu o Oscar 2020 de Filme Internacional. “Druk” não apenas venceu aqui como poderia ter estado facilmente na categoria máxima. Já “Drive my Car” teve uma seleção até mais forte com “A Pior Pessoa do Mundo” e “Flee”, mas, o Ryûsuke Hamaguchi tinha em mãos um dos melhores filmes da década. Vitória justa é pouco. 

Nas atuações, já entro em bola dividida: para mim, a vitória da Laura Dern em Melhor Atriz Coadjuvante por “História de um Casamento” no Oscar 2020 é indiscutível. Se a missão de um personagem secundário é ter relevância dentro de uma história contribuindo para o avanço da trama principal, aqui é cumprida com êxito. E isso com muito humor e inteligência. Por melhor que sejam as outras quatro indicadas, incluindo, a Florence Pugh, a Laura Dern sobrava na corrida. 

Nem mesmo quem odiou “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” nega que o Ke Huy Quan era a melhor coisa do filme. Dosando comédia e drama na medida exata, a vitória dele em Ator Coadjuvante neste ano foi mais do que merecida.  

Em Melhor Ator, o Joaquin Phoenix estava tão excepcional em “Coringa” que se sobressaía a qualquer polêmica ou visão negativa sobre o filme. Fora que já passava da hora da Academia premiá-lo. O Anthony Hopkins foi outra vitória na categoria incontestável. Mesmo com muita gente querendo o Oscar em homenagem ao Chadwick Boseman, bastava assistir a “Meu Pai” que todo mundo compreendia que o veterano merecia a segunda vitória. E, felizmente, ela veio. 

DIREÇÃO E FILME

Os fãs de Quentin Tarantino e Martin Scorsese que me perdoem, mas, impossível tirar o Oscar de Melhor Direção do Bong Joon-Ho em 2020. Dois anos depois, a Jane Campion fez por merecer cada centímetro da estatueta com “Ataque dos Cães”, segundo melhor longa da carreira dela, perdendo apenas para “O Piano”. 

Na categoria máxima, em Melhor Filme, somente uma vitória indiscutível: “Parasita” não apenas era a produção daquela temporada como, finalmente, fez a Academia reconhecer que havia vida fora de Hollywood e que era sim do mesmo nível do cinema americano. 

Não que precisasse de um Oscar para reconhecer isso, cá entre nós, mas é um resultado lembrado até hoje.