Caio Pimenta recorda os melhores filmes e atuações dos indicados nas categorias de atuação e direção do Oscar 2022.

OS COADJUVANTES

Entre os nomeados em ator coadjuvante, tem trabalho ganhador de Oscar na categoria. 

É o caso do J.K Simmons simplesmente ameaçador e brilhante em “Whiplash”. Interpretando o rigoroso professor de bateria, o astro tem o papel de uma vida e não à toa foi premiado pela Academia em 2017.

Acumulando excelentes trabalhos nos últimos anos, o Jesse Plemons poderia ter sido indicado no ano passado por “Estou Pensando em Acabar com Tudo”. Ele incorpora a estranheza, os medos e a solidão do estranho longa do Charlie Kaufman.  

Ao lado de Matt Reeves, celebrado diretor de “Batman”, o Kodi Smit-McPhee estrelou ainda garoto “Deixe-Me Entrar”, remake do ótimo terror de 2008.

Apesar de não ter grandes papéis de destaque nos cinemas antes de “Belfast”, o Ciàran Hinds traz no currículo “Munique”, subestimado drama do Steven Spielberg.  

Quanto ao Troy Kotsur, não vou citar nada porque realmente ele não teve trabalhos marcantes antes de “Coda”. Mas, quem lembrar de algum, os comentários estão abertos.  

Em atriz coadjuvante, a Kirsten Dunst traz “Melancolia” ainda como o melhor desempenho da carreira.

Pela produção do Lars Von Trier, ela venceu Melhor Atriz em Cannes e teve uma das esnobadas mais sentidas da década passada no Oscar.   

Já Aunjanue Ellis rouba a cena sempre que aparece em “Ray”, enquanto a Jessie Buckley conquista o público imediatamente em “As Loucuras de Rose”, filme que a colocou no estrelato definitivamente.

Mesmo que o musical não ajude, a Ariana DeBose chama a atenção em “A Festa de Formatura”, sendo o interesse romântico da protagonista.   

Por fim, claro, que temos Judi Dench: a estrela britânica poderia ser citada por roubar a cena em “Shakespeare Apaixonado”, porém, fico com o jogo de gato e rato ao lado da Cate Blanchett no excelente “Notas Sobre um Escândalo”.   

DIREÇÃO 

Em Melhor Direção, os melhores trabalhos dos indicados reúnem clássicos do cinema. 

O Steven Spielberg traz, pelo menos, uns seis clássicos no currículo.

Meus favoritos são o primeiro “Indiana Jones” e “Jurassic Park” com “Prenda-Me Se For Capaz” e “Munique” logo atrás.  

Não tem como fugir de “O Piano” como o trabalho mais completo da irregular, mas, fundamental filmografia da Jane Campion.

Das atuações brilhantes de Anna Paquin e Holly Hunter à fotografia do Stuart Dryburgh ao roteiro excelente, a produção poderia ter vencido “A Lista de Schindler”, do próprio Spielberg, no Oscar 1994. 

Com uma trilha impressionante do Jonny Greenwood e a maior atuação da carreira do Daniel Day-Lewis, “Sangue Negro” é o ponto alto da filmografia do Paul Thomas Anderson.

Mesmo que não tenha superado a genialidade de Laurence Olivier, o Kenneth Branagh fez a versão mais completa de “Hamlet” levada às telas, enquanto o Ryusuke Hamaguchi, além de “Drive My Car”, lançou o ótimo “Roda do Destino”, em 2021.  

ATORES PRINCIPAIS 

Vou começar Melhor Ator com escolhas protocolares. 

Afinal, não tem como fugir de “Malcolm X” ser a melhor atuação da carreira do Denzel Washington e o mesmo ser dito de “Onde os Fracos Não Têm Vez” pelo lado do Javier Bardem.

Apesar do filme não ser lá estas coisas, o Benedict Cumberbatch faz de “O Jogo da Imitação” algo menos burocrático do que é a produção inteira. 

Quanto ao Andrew Garfield, fico com o desempenho dele em “Silêncio”, filmaço do Martin Scorsese que muita gente deixou passar.

Sobre o Will Smith, esqueça “À Procura da Felicidade” ou “M.I.B”: minha atuação preferida dele é no ótimo “Inimigo do Estado”, do Tony Scott.

Aqui, ele usa todas as qualidades que possui – carisma, bom humor, vigor físico – para fazer um sujeito comum que se vê envolvido em um perigo maior do que ele sequer imaginou um dia encarar.   

Mesmo estando ao lado do Gene Hackman, o Will Smith não faz feio e segura o filme com uma facilidade imensa. Se você não viu “Inimigo do Estado”, recomendo. 

Na categoria feminina, já que não posso citar “Fleabag”, fico com a divertidamente estranha atuação da Olivia Colman em “A Favorita”. Como todo mundo lembra, ela venceu o Oscar derrotando a Glenn Close em uma conquista improvável.

Já a Jessica Chastain mudou de patamar em Hollywood com o grande trabalho dela em “A Hora Mais Escura”. 

No grande momento da carreira, a Nicole Kidman decidiu se arriscar ao trabalhar com Lars Von Trier. Traumas à parte, “Dogville” rendeu a maior atuação dela nos cinemas.

Falar de Penélope Cruz é citar as parcerias delas com o mestre Pedro Almodóvar, sendo o auge no intenso “Volver”.

E quem ainda tem preconceito com Kristen Stewart por “Crepúsculo” está desatualizado, afinal, basta assistir “Acima das Nuvens” para notar como ela é uma das melhores atrizes da atuação geração.