Caio Pimenta analisa a vitória de “1917” no Sindicato dos Diretores e dos Diretores de Fotografia, a conquista de Greta Gerwig com “Adoráveis Mulheres” no USC Script Awards e “Klaus” no Annie Awards.
Confirmando o favoritismo, Sam Mendes venceu o prêmio do Sindicato dos Diretores dos EUA. Com isso, “1917” acumula três vitórias importantíssimas nesta temporada de premiações: ganhou o Globo de Ouro dramático e também direção, faturou o PGA, o prêmio do Sindicato dos Produtores, e, agora, o DGA. O filme ainda grande chance de vencer o Bafta, no domingo, 2 de fevereiro, até porque é uma premiação britânica, chegando até a ter mais relação com a história do que os americanos teriam.
O retrospecto histórico também está a favor de “1917”: desde a criação do evento, em 1949, em 89% das vezes, o ganhador do DGA coincidiu com o vencedor de Melhor Direção do Oscar. Já em Melhor Filme, a margem cai para ótimos 76%. Por outro lado, nos últimos anos, os resultados vêm sendo divergentes, incluindo, Alfonso Cuáron, duas vezes ganhador do DGA por “Roma” e “Gravidade”, mas, que perdeu o Oscar com os dois filmes, Damien Chazelle, de “La La Land”, e o Alejandro González Iñarritu, de “O Regresso”.
Muito dessa divergência nos últimos anos se deve à mudança pelo sistema preferencial na votação de Melhor Filme.
Como se ainda não bastasse o DGA, “1917” ainda venceu o prêmio do Sindicato dos Diretores de Fotografia com o Roger Deakins. Essa é a quinta vez que ele fatura o filme: as vezes anteriores foram com “Um Sonho de Liberdade”, “O Homem que não Estava Lá” e “Skyfall”, “Blade Runner 2049”. O único Oscar da carreira veio com a sequência da ficção científica dirigida pelo Denis Villeneuve.
De fato, a dianteira está com “1917”. Esta série de conquistas se encontra paralelo recente de domínio com “La La Land” em 2017, porém, não vejo o filme do Sam Mendes com o amplo favoritismo do Damien Chazelle.
Muito disso, se deve ao nível alto dos concorrentes como “Era uma vez em Hollywood”, a produção que pode dar o primeiro Oscar de Melhor Filme ao Tarantino, o queridissímo “Parasita” e também “Jojo Rabbit”, filme capaz de agradar um público variado.
Talvez, hoje, o maior risco é chegar muito unânime como o filme para vencer o Oscar porque isso coloca como alvo parecido com o que houve com “La La Land”. As expectativas vão lá para cima, o filme começa a ser destrinchado e os seus problemas expostos em praça pública, no caso, as redes sociais e as conversas de bastidores em Hollywood. E olha que “1917” não é um dos filmes mais maravilhosas não.
Na hora da votação, eu acho que “1917” vai atingir boas colocações junto a diretores, diretores de fotografia, montadores, diretores de arte, galera do som, produtores porque é um filme com uma técnica soberba e um planejamento logístico para fazer aquilo funcionar impressionante. Por outro lado, os roteiristas, os atores, que tem um grande número de votantes na Academia, e o corpo internacional, talvez, não se envolvam tanto assim com o filme. Essa divisão em um sistema preferencial não é uma coisa muito boa não.
GRETA E KLAUS SE DESTACAM
Neste fim de semana, também foi entregue o USC Script Awards, prêmio organizado pela Universidade do Sul da Califórnia, voltado para premiar os melhores roteiros adaptados. E nele quem venceu foi a Greta Gerwig, por “Adoráveis Mulheres”, filme baseado no clássico escrita pelo Louisa May Alcott. O corpo votante do USC é pequeno, são cerca de 50 pessoas, porém, apesar do número, dos últimos 10 anos, oito vezes coincidiu com ganhador do Oscar da categoria.
E eu acho que isso tem boas chances de se repetir no Oscar: depois da esnobada no SAG, o “Adoráveis Mulheres” cresceu muito, tanto que conseguiu as seis indicações. Além disso, pode ser uma forma de compensar a Greta de não ter sido indicada em Direção, uma das maiores críticas desta temporada de premiações.
Vale lembrar o quanto os prêmios de Roteiro no Oscar acabam sendo uma espécie de recompensa para grandes nomes que não vão ter chance nas categorias principais: isso vai desde o Woody Allen passando pelo Tarantino até chegar recentemente no Spike Jonze e também no Jordan Peele.
Agora, se isso acontecer mesmo, mostra como “O Irlandês” está desprestigiado, afinal, se imaginava-se que, pelo menos, em Roteiro Adaptado, ele venceria e, agora, nem isso.
Já o Annie Awards, principal prêmio do setor da animação nos EUA, consagrou “Klaus”, animação de Natal da Netflix. Já “Toy Story 4” saiu sem nada, não foi premiado em nenhuma categoria. Esse é o segundo grande golpe na temporada de premiações na Disney e na Pixar. Eles já tinham perdido o Globo de Ouro para o então desconhecido “Link Perdido”.
Desde que Melhor Animação foi instituída no Oscar, os vencedores foram diferentes apenas cinco vezes. Isso, para mim, mostra o quanto esta categoria está aberta: afinal, o “Toy Story” não se firma como o favorito e, com isso, abre espaço para uma primeira vitória de “Como Treinar Seu Dragão” ou a Netflix conseguir uma vitória inédita com “Klaus” e até mesmo “Link Perdido” fazer uma baita surpresa.