De Austin Butler, em “Elvis”, a Hugh Jackman, por “The Son”, Caio Pimenta traz as previsões iniciais para o Oscar 2023 de Melhor Ator.

IMPROVÁVEL 

Dois atores queridos do público em produções que caíram no gosto popular no primeiro semestre deste ano abrem a lista dos improváveis. 

Robert Pattinson afastou qualquer desconfiança ao interpretar um Bruce Wayne traumatizado e cansado em “Batman”. Mesmo se a superprodução da Warner chegar forte ao Oscar, dificilmente, aqui, terá espaço devido a outros candidatos mais fortes. 

Se o Adam Sandler não conseguiu nomeação pelo excelente “Joias Brutas”, soa quase impossível chegar ao Oscar com “Arremessando Alto”, drama sobre basquete em que oferece mais uma boa atuação.   

Também muito querido dos cinéfilos, Tom Hanks estará em “Um Homem Chamado Ove”, remake do sucesso da Suécia. Pode ser uma das apostas da Sony para a categoria, mas, vejo o Hugh Jackman e o Bill Nighy, no momento, melhores situados nesta disputa interna. 

Ganhador da estatueta dourada por “A Teoria de Tudo”, o Eddie Redmayne vem sendo cogitado pelo suspense “O Enfermeiro da Morte”, porém, tenho a sensação de que o filme não vai muito longe nesta temporada.

Se o Ralph Fiennes, de “O Menu”, parece um tiro distante até pelo suspense do Mark Mylod estar longe do padrão que a Academia costuma abraçar, o Mehdi Bajestani, de “Holy Spider”, enfrenta concorrência pesada entre os candidatos internacionais. 

Da turma dos galãs, o Zac Efron precisaria derrubar muitas resistências para ser levado à sério pela Academia e conseguir emplacar uma indicação pela comédia “The Greatest Beer Ever Run”.

As polêmicas sobre queerbating de declarações recentes do Harry Styles em relação a “My Policeman” pode ter sepultado de vez qualquer chance de ser nomeado pela produção da Amazon. 

CORRENDO POR FORA 

Já que falei do Harry Styles, inicio com ele a turma do pelotão que corre por fora neste momento. 

A chance mais forte do astro está em “Não se Preocupe Querida”. Caso o hype fortíssimo em relação ao suspense da Olivia Wilde seja correspondido em Toronto, pode colocar o Styles na briga ainda que precise remar contra tantos adversários. Ainda há a possibilidade de ir para coadjuvante, onde a corrida pode ser mais favorável a ele. 

Voltando a viver uma grande fase, o Colin Farrell se apoia na parceria com o Martin McDonaugh em “The Banshees of Inisherin”. Nunca ter sido nomeado ao Oscar pode ajudá-lo a dobrar a Academia. 

Paul Mescal, por “Aftersun”, é uma possibilidade ainda remota assim como o Kelvin Harrison Jr em “Chevalier”, o Sebastian Stan, de “The Brutalist” e o Jeremy Pope em “The Inspection”.  

O Pope, aliás, pode crescer pelo viés de superação da história baseada na vida do diretor do filme, o Elegance Bratton, um jovem negro gay enfrentando todos os desafios possíveis na Marinha dos EUA. 

Dos estrangeiros, o sul-coreano Park Hae-il, de “Decision to Leave”, é uma possibilidade igual o Ricardo Darín, de “Argentina, 1985”. O nosso querido hermano precisa sair forte de Veneza para se credenciar de maneira consistente. 

Com a missão de interpretar nada mais nada menos do que Steven Spielberg na versão mirim, o Gabriel LaBelle é um candidato com potencial por “The Fabelmans” ser um dos filmes da temporada. A impressão que tenho, porém, é que será uma obra mais de coadjuvantes indicados do que protagonistas, semelhante com “Amor, Sublime Amor”. 

FIQUE DE OLHO

O México está disposto a estender seu domínio em Hollywood para além de Melhor Direção e a categoria de Ator principal é o alvo da vez. São duas possibilidades para o Oscar 2023. 

De um lado, temos o Daniel Giménez Cacho, estrela de “Bardo”. No longa, ele faz uma espécie de alter-ego do diretor Alejandro González Iñarritu ao interpretar um jornalista e documentarista voltando ao México e encara uma crise existencial no meio disso.  

Vale lembrar que os dois últimos atores comandados pelo Iñarritu – Michael Keaton em “Birdman” e Leonardo DiCaprio em “O Regresso” – chegaram fortes demais ao Oscar, o que já coloca o Cacho inevitavelmente no radar da categoria. Caso ele consiga, será impossível evitar o paralelo com a Yalitzia Aparicio, protagonista de “Roma”. 

Há também o Diego Calva, apontado como o protagonista de “Babylon”, o misterioso novo projeto do Damien Chazelle. Igual Iñarritu, o diretor de “Whiplash” e “La La Land vem dando sorte aos seus protagonistas no Oscar – que o digam J.K Simmons e Emma Stone. 

Premiado em Cannes por “Broker”, o Song Kang-ho pode ser favorecido pela injusta esnobada em “Parasita”. Não duvido nada a Academia querer corrigir aqui e reconhecê-lo com uma indicação.

Onipresente em Hollywood estrelando todos os filmes possíveis, o Timothée Chalamet sempre merece atenção, especialmente, na retomada da parceria com o Luca Guadagnino em “Bones & All”. 

Com quatro indicações, o Christian Bale é nome forte para aparecer no Oscar seja com “Amsterdam” ao lado novamente do David O. Russell ou com “The Pale Blue Eye”, da Netflix.

Sempre colocado em segundo plano, o Bill Nighy tem a chance da vida de chegar à premiação com “Living”, enquanto o Michael Ward está em “Empire of Light”, drama do Sam Mendes forte candidato nas principais categorias. 

Completam a lista o Colman Domingo na cinebiografia do ativista gay dos direitos civis Bayard Rustin e Tom Cruise, sim, o Tom Cruise pelo sucesso “Top Gun: Maverick”.

Sobre o astro, falarei mais sobre ele em um vídeo especial sobre as chances da maior bilheteria de 2022 no Oscar. 

OS FAVORITOS 

A corrida a Melhor Ator conta com quatro favoritos ao Oscar neste momento. E cada um representa características tradicionais das categorias de atuação. 

Bebendo na fonte onde passaram Ben Kingsley, Jamie Foxx, Gary Oldman e Rami Malek, o Austin Butler encarna uma figura histórica com todos os seus trejeitos e sotaques em “Elvis”. A força icônica e imortal do Rei do Rock pode impulsionar ainda mais as possibilidades do jovem ator. 

Já o Hugh Jackman e o Adam Driver são atores consagrados tanto em blockbusters como obras voltadas para a temporada de produção. Talentosos e carismáticos, ambos estão em busca do primeiro Oscar e se juntam a dois celebrados diretores.

O eterno Wolverine deseja repetir o feito de Anthony Hopkins em “The Son”, continuação da trilogia iniciada em “Meu Pai”, enquanto o Driver retoma a parceria com o Noah Baumbach em “Ruído Branco” após o sucesso de “História de um Casamento”. 

São nomes fortes, sem dúvida, mas, no momento, é o Brendan Fraser quem surge como o candidato a ser batido por “The Whale”. Afinal, ele preenche dois requisitos amados pelo Oscar: a transformação física e retomada da carreira em alto nível após um período de baixa.

Ter um diretor como o Darren Aronofsky que exige demais de seus protagonistas, como aconteceu com Natalie Portman, Mickey Rourke e Jennifer Lawrence, completa o pacote perfeito para uma estatueta.