Caio Pimenta apresenta quem subiu e quem desceu na disputa pelo Oscar 2021 durante o mês de dezembro.
EM ALTA NO OSCAR
Os prêmios da crítica consolidaram “Nomadland” de uma vez por todas como o grande favorito ao Oscar 2021.
Todos os principais críticos dos EUA apontam o longa da Searchlight Pictures nas suas listas de melhores do ano. A Chloe Zhao está muito perto de se tornar a segunda mulher a vencer em Melhor Direção, enquanto uma terceira estatueta da Frances McDormand não parece tão impossível assim.
O problema de um favoritismo tão cedo e tão absoluto é que o filme se torna alvo de todas as outras campanhas. Com isso, a chance dele se desgastar, igual ocorreu com “La La Land”, em 2017, é alto, especialmente em uma campanha que só termina no fim de abril.
“First Cow” ganhou nova força no mês de dezembro com o apoio da crítica, além das nomeações ao Gotham, e viu ressurgir as chances de disputar o prêmio após ter sido lançado lá em 2019.
A primeira exibição do filme da Kelly Reichardt foi no Festival de Telluride, em agosto de 2019, e, antes da pandemia, foi exibido no Festival de Berlim deste ano. Essa trajetória marcaria uma das mais longas jornadas de uma produção até o Oscar. “Nunca Raramente Às Vezes Sempre” também é outro que vem subindo gradualmente após iniciar seu caminho lá em janeiro no Festival de Sundance.
Por fim, em Melhor Filme, “Promising Young Woman” e “Minari” foram outros que subiram. No caso do longa do Lee Isaac Chung, o Globo de Ouro deu uma ajudazinha com sua rejeição ao longa para disputar as categorias principais. Hollywood abraçou as críticas da equipe do longa. Ainda assim, o mesmo aconteceu com “A Despedida” em 2020, mas, no fim das contas, o Oscar esnobou.
Chadwick Boseman, Carey Mulligan, Paul Raci e Maria Bakalova cresceram na disputa pelo Oscar com os dois primeiros tendo boas chances de levarem a estatueta. O dinamarquês “Another Round” levou quatro prêmios no European Film Awards – Melhor Filme, Direção, Ator e Roteiro – e aparece como o favorito para Filme Internacional. Por fim, “Wolfwalkers”, pelo menos, promete dar um calorzinho em “Soul” em Melhor Animação.
EM BAIXA NO OSCAR
Lembra daquela história de que o Oscar 2021 seria da Netflix?
Bem, em indicações, talvez, mas, para vencer, dezembro mostrou que o caminho será mais longo.
Afinal, as grandes apostas do serviço de streaming não decolaram como se imaginava.
A maior decepção, sem dúvida, foi “Mank”. A produção do David Fincher deve liderar as nomeações e ser favorita em prêmios técnicos como direção de fotografia, design de produção e figurino. Por outro lado, a pouca vontade de falar com o grande público, se fechando no círculo cinéfilo, impediu o filme de ser abraçado como se esperava de um diretor com obras como “Seven”, “Clube da Luta” e “A Rede Social” no currículo.
Acredito nas indicações de “Mank” em Melhor Filme e Direção, mas, as chances de vitória me parecem, neste momento, bem distante de acontecerem. Já Gary Oldman corre risco alto de ficar fora de Melhor Ator. Mas, o projeto do Fincher não é o único que decepcionou.
Além do fracasso nível “Cats” de “Era uma vez um Sonho” destruindo as esperanças dos fãs de Amy Adams e Glenn Close, “O Céu da Meia-Noite” foi outro que não deslanchou. Todo o bom mocismo de George Clooney e o discurso ambiental necessário não foram suficientes para segurar uma ficção científica clichê e incapaz de emocionar. Já “A Festa de Formatura” pode ter o super elenco com Meryl Streep e Nicole Kidman, mas, os exageros típicos de Ryan Murphy exigem boa vontade demais para ser abraçado por todos os tipos de público.
Salvaram-se “A Voz Suprema do Blues” e “Os Sete de Chicago”, mas, nenhum dos dois me parecem fortes suficientes para um confronto com “Nomadland”.
Por fim, o Bill Murray deu uma queda na disputa por Melhor Ator Coadjuvante acompanhando o baixo desempenho de “On the Rocks” nesta temporada de premiações.