O cinema amazonense viveu um 2023 improvável e de grandes conquistas. Quando não se imaginava ser mais possível, o filme perdido de Silvino Santos foi reencontrado. A UEA retornar com o curso de audiovisual parecia algo fora da realidade, mas, se concretizou. Um festival de cinema em Manaus fechar parceria com a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo era um sonho que se tornou realidade. Um nortista no Conselho Superior de Cinema? Um impossível que, veja só, virou real.

O Amazonas ainda viu passar por aqui grandes estrelas nacionais com seus novos filmes assim como testemunhou a expansão da carreira de dois dos maiores atores da atual geração. O Cine Set apresenta agora uma retrospectiva de tudo o que foi positivo e negativo no cinema no Amazonas em 2023. 

A HORA DE VOAR DE ADANILO E ISABELA CATÃO 

Dois dos principais rostos do atual do cinema amazonense tiveram um ano de reconhecimento nacional e internacional. Adanilo viveu um mês de março para ficar na história: estrelou dois lançamentos nas salas de todo o país – uma ponta em “O Rio do Desejo” e o destaque total em “Noites Alienígenas” – e ainda duas séries no streaming – “Cidade Invisível” na Netflix e “Dom” na Prime Video. 

Maio chegou com a presença do ator amazonense no tapete vermelho do Festival de Cannes com “Eureka”. No longa dirigido pelo argentino Lisandro Alonso, Adanilo está no mesmo elenco do astro internacional Viggo Mortensen. A ida ao evento francês, entretanto, teve emoções bem antes da viagem: ele precisou apelar às redes sociais para sensibilizar os órgãos públicos e empresas com o intuito de obter apoio para custear gastos necessários como, por exemplo, um smoking. E você aí pensando que vida de artista é só luxo… 

Depois, Adanilo lançou “Castanho”, primeiro curta de ficção na carreira de diretor. A produção protagonizada pela argentina Sofia Sahakian circulou bem pelos eventos no segundo semestre, incluindo, o Olhar do Norte e o Festival do Rio. Para completar, o ator amazonense foi escalado para a primeira fase do remake de “Renascer”, trabalho previsto para estrear em janeiro de 2024 na TV Globo e que, sem dúvida alguma, representará uma mudança completa no status de Adanilo perante o público graças à visibilidade que somente uma novela das 9 é capaz. 

Já Isabela Catão pegou o avião e brilhou fora do Amazonas. Primeiro, ela esteve no premiado “Cabana”, drama paraense comandado por Adriana de Faria. A obra venceu o Festival do Rio na categoria de curtas-metragens nacionais, Melhor Direção pelo jornal O Povo no Cine Ceará e também no Goiânia Mostra Curtas, além de seleções para o Olhar do Norte, Mostra de Cinema de Gostoso e Festival de Cinema de São Bernardo do Campo.  

Igual Adanilo, a atriz amazonense também plantou um grande sucesso para 2024: Isabela está no elenco de “Motel Destino”, novo filme do diretor Karim Ainouz (“A Vida Invisível”). As filmagens aconteceram em agosto e setembro no Ceará e o elenco ainda traz Fábio Assunção, Iago Xavier e Nataly Rocha.  

Quem sabe não será Isabela Catão no Festival de Cannes do ano que vem? 

TESOURO REENCONTRADO 

A história mais inusitada do cinema amazônico em 2023 veio da República Tcheca. Desaparecido após mais de 100 anos, “Amazonas, o Maior Rio do Mundo” foi reencontrado no acervo da Cinemateca de Praga. A obra dirigida por Silvino Santos, pioneiro do cinema na região, foi rodada em 1918 e traz imagens da coleta de castanha, a produção de pirarucu, a pesca de peixe-boi, além das primeiras imagens em movimento conhecidas do povo indígena Witoto. 

Feito pela Amazônia Cine-Film, primeira produtora de audiovisual da região, o documentário se perdeu durante a comercialização feita pelo sócio de Silvino, Propércio de Mello Saraiva. Ele não apenas se apresentava como o responsável pelas filmagens como também embolsava o dinheiro todo das negociações. Vendido ilegalmente para a distribuidora francesa Gaumont com o título “As Maravilhas do Amazonas”, o filme circulou por diversos países europeus até se perder. 

A recuperação foi celebrada com uma série de exibições especial pelo mundo e Brasil afora. As sessões já aconteceram no festival de cinema mudo Pordenone, na Itália, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no Fest Cine Aruanda, em João Pessoa e no Cine Ceará, em Fortaleza.  

Agora, “Amazonas – O Maior Rio do Mundo” se prepara para retornar a casa em uma sessão gratuita no dia 29 de dezembro, a partir das 20h, no lendário Teatro Amazonas, local onde Silvino Santos recebeu a última homenagem em vida no I Festival Norte de Cinema Brasileiro, em 1969. O Cine Set tem a honra de produzir o evento em parceria com a Cinemateca Brasileira e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado. 

RETORNO DO CURSO DA UEA 

Foi uma luta que parecia sem perspectiva de final feliz. Tentativas sem sucesso diversas foram feitas ao longo dos últimos anos. Pedidos da classe artística e nada. Tudo indicava que o sonho da retomada do curso de audiovisual na Universidade do Estado do Amazonas não sairia do papel. 

O cenário, entretanto, mudou em 2023: o Bacharelado em Produção Audiovisual saiu do papel e foi uma das novidades do vestibular e do Sistema de Ingresso Seriado (SIS). Diferente da primeira vez que surgiu como curso tecnológico ofertado de forma especial na própria UEA, a nova turma será regular e terá quatro anos de duração.  

A estrutura disciplinar continua semelhante, incluindo, as tradicionais Teorias do Cinema, Direção, Roteiro, Direção de Fotografia, Montagem e Edição, Áudio, além de adesões ligadas a questões em voga como acessibilidade e voltadas a contemporaneidades como as causas indígenas, feministas e negras. 

O resultado do vestibular divulgado no último dia 7 de dezembro com os nomes dos estudantes aprovados dá esperança de um futuro promissor para o audiovisual amazonense. Afinal, o setor ganhará uma nova geração de realizadores ainda mais preparados, de pensamento crítico e dialogando com outros setores artísticos pela proximidade dos cursos na Escola Superior de Artes e Turismo – ESAT. Vale lembrar que, dos bancos da UEA, saiu a parceria entre Bernardo Abinader e Valentina Oliveira que, entre outros frutos, rendeu o premiado “O Barco e o Rio”. Quem sabe não dá para repetir a dose? 

ESTRELAS NACIONAIS EM MANAUS 

Manaus é o terceiro lugar mais procurado no Brasil para produções audiovisuais, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro. Neste ano, a cidade e região metropolitana viu estrelas nacionais circularem com seus novos projetos. 

Gravado em Itacoatiara antes da pandemia, “O Rio do Desejo” chegou aos cinemas brasileiros em março. Antes disso, a equipe do filme fez um tour pelo país com sessões de pré-estreia. Aqui em Manaus, a exibição aconteceu no Teatro Amazonas com as presenças do diretor Sérgio Machado, dos atores Daniel de Oliveira e Sophie Charlotte, e do escritor amazonense Milton Hatoum.  

A procura foi tão intensa que gerou uma fila quilométrica nos arredores do Teatro que lotou para o filme e as estrelas da noite. Uma noite inesquecível – para o bem e para o mal – de um filme que, infelizmente, deixa importantes nomes do cinema amazonense relegados a figurantes ou coadjuvantes de luxo. 

Na Netflix, “Ricos de Amor 2” trouxe Manaus, os rios da Amazônia e a floresta como destaque. A obra estrelada por Giovanna Lancelotti e com Adanilo no elenco foi um dos principais títulos brasileiros na plataforma de streaming, alcançando uma audiência global. Isso, entretanto, não apaga o filme ser bem ruinzinho e, pior, carregar uma forte carga exotizante na forma como a região é tratada.  

O bafafá mesmo ocorreu quando Rodrigo Santoro aterrissou em Manaus. A passagem do galã pela cidade movimentou as redes sociais após o Cine Set informar que ele estava por aqui gravando “O Outro Lado do Céu”, o novo filme de Gabriel Mascaro (“Boi Neon” e “Divino Amor”). A produção foi rodada em Manacapuru, Novo Airão e Manaus entre maio e julho. Diferente de outras produções gravadas por aqui, desta vez, houve uma presença massiva de profissionais locais em posição de destaque. A expectativa é que o lançamento ocorra no ano que vem.  

Já imaginou Santoro no palco do Teatro Amazonas? Manaus viria abaixo.  

A FORÇA DOS FESTIVAIS E EVENTOS DE MERCADO 

Foto: Robert Coelho / Olhar do Norte 2023

Três grandes eventos movimentaram o cinema amazonense em 2023. O primeiro deles foi o Olhar do Norte: na quinta edição, o festival promovido pela Artrupe Produções manteve o Teatro Amazonas como principal palco, mas, infelizmente, lidou com problemas sérios em relação ao ar-condicionado no primeiro dia em um verão para lá de quente em Manaus. Falha grave da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas.  

Quanto aos filmes, os destaques do Olhar do Norte ficaram por conta da primeira exibição de “Eureka” no Brasil e as consagrações do rondoniense “Ela Mora Logo Ali” com quatro prêmios e do amazonense “Alexandrina – Um Relâmpago” com duas vitórias. 

Já o Cine Casarão Festival teve a primeira edição em grande estilo em uma parceria com a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Isso permitiu ao público de Manaus assistir gratuitamente os premiados “Afire”, “La Chimera”, “Puan”, “Leme do Destino” e outras atrações vindos do maior evento do setor no país. 

A Rua Barroso virou uma grande sala de cinema no último sábado e domingo de outubro com sessões de “Saudosa Maloca”, o documentário “Terruá Pará” e o excelente “O Dia que te Conheci”, de André Novais de Oliveira. Para uma primeira edição, o Cine Casarão Festival deixou uma ótima impressão com tendência de crescer ainda mais no futuro. 

Foto: Juliana Pesqueira/Matapi

Por fim, o Matapi – Mercado Audiovisual do Norte retornou às edições presenciais – a última vez havia sido antes da pandemia em 2019. E o resultado foi um evento extremamente forte com a participação das principais distribuidoras independentes do Brasil como a Vitrine Filmes e da diretora de conteúdo e programação da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), Antonia Pellegrino 

Graças aos trabalhos fundamentais de Carlos Barbosa e Clemilson Farias, a integração dos profissionais nortistas dos mais diversos Estados com players importantes do Nordeste e Centro-Oeste através das redes de parceiros do Matapi como a CONNE (Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte e Nordeste), o NordesteLAB e o SAPI – Mercado Audiovisual Centro Oeste se consolidou definitivamente. Sem dúvida, a melhor edição do evento até hoje. 

A Mostra de Cinema Fantástico com a exibição de mais de 100 filmes gratuitamente em Manaus, a primeira edição da Mostra de Cinema Galo da Serra, em Presidente Figueiredo, e o Pirarucurta, da Faculdade Martha Falcão, foram outras atrações no cenário local.  

O NORTE NO CONSELHO DE CINEMA 

Aproveitando a deixa, o audiovisual do Norte obteve um importante feito em 2023: a entrada de Clemilson Farias no Conselho Superior de Cinema. O produtor acreano de “Noites Alienígenas”, criador do Matapi, sócio da produtora Leão do Norte e diretor Norte da CONNE leva a voz do setor nortista para a recém-criada entidade do Ministério da Cultura. 

O Conselho Superior de Cinema traz como principais funções: definir a política nacional do cinema; aprovar as políticas e as diretrizes para o desenvolvimento da indústria cinematográfica nacional; estimular a presença do conteúdo nacional nos diversos segmentos de mercado; estabelecer a distribuição da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional – Condecine para cada destinação prevista em lei; aprovar o regimento interno do Conselho; e propor a atualização da legislação relacionada com as atividades de desenvolvimento da indústria cinematográfica nacional. 

O mandato de dois anos de Clemilson Farias no Conselho de Cinema terá como desafio a luta para manter as políticas de incentivo ao audiovisual plurais e não apenas concentradas para o Sul e Sudeste. Um estudo da própria Ancine apontou que 45% do investimento público no cinema do país segue direcionado para Rio de Janeiro e São Paulo – recomendo a leitura deste ótimo artigo escrito pela pesquisadora Angélica Coutinho para entender mais sobre o assunto. 

O símbolo maior disso aconteceu no início do ano quando saiu o resultado preliminar do edital Novos Realizadores sem um único projeto da Região Norte selecionado. O fato provocou revolta e protestos da classe artística dos sete Estados a ponto da Ancine precisar anunciar uma suplementação de R$ 8,5 milhões aos recursos do edital para contemplar somente o Norte do país. A expectativa é que fatos como esse diminuam com a representação trazida por Clemilson no Conselho de Cinema. 

PERDAS HISTÓRICAS 

O cinema amazonense começou 2023 de luto com as perdas de Djalma Limongi Batista e Jean Robert Cézar. Após sete anos de uma incansável luta contra um câncer ósseo, Jean faleceu no dia 19 de janeiro. 

Nascido no Rio de Janeiro, o produtor trabalhou em grandes obras como o longa “Le Jaguar” (1995), as minisséries “Mad Maria” (2004), “Amazônia, de Galvez a Chico Mendes” (2006) e “Dois Irmãos” (2017), o curta-metragem “15 anos de Ópera” (2011) e os documentários “Teatro Amazonas – Uma ópera dans la jungle”, “500 – Os Bebês Sequestrados pela Ditadura Argentina”, “Histórias da Fome no Brasil”, “Amazônia – Heranças de uma utopia” e “Vidas Descartáveis”. 

A homenagem veio com o lançamento do último filme dirigido por Jean, o documentário “Roberto Kahane e a Câmera Secreta do Dr. Salim”, em pleno Teatro Amazonas.

 
Já Djalma faleceu no dia 14 de fevereiro em São Paulo. O primeiro curta-metragem da carreira dele, “Um Clássico, Dois em Casa, Nenhum Jogo Fora” (1968), entrou para a história do audiovisual do país ao ser um dos primeiros a retratar uma relação homossexual. Na primeira metade dos anos 1970, rodou os curtas “Porta do Céu” (1973) e o experimental “Hang-Five” (1975) em paralelo ao trabalho com o diretor teatral Flavio Império. 

“Asa Branca: Um Sonho Brasileiro” (1980) foi o primeiro longa-metragem da carreira de Limongi, revelando o jovem ator Edson Celulari. Com o filme, o diretor amazonense ganhou o Kikito em Gramado e o Candango em Brasília, os festivais mais tradicionais do nosso cinema. Em 1987, comandou “Brasa Adormecida” e, 10 anos depois, fez “Bocage – Um Hino ao Amor”. Por este trabalho, voltou a ser premiado no Rio Grande do Sul e participou do Sundance Film Festival em 1998, ao lado de “Central do Brasil”. 

KEILA SANKOFA E THIAGO MORAIS: OS GRANDES FILMES DE 2023 

Circulando em festivais e eventos de cinema desde 2022, “Alexandrina – Um Relâmpago” teve as primeiras exibições em Manaus neste ano durante o Olhar do Norte e o Cine Casarão Festival. Carregado de ancestralidade e trazendo um olhar de reconstrução histórica sobre a mulher amazônica negra, o curta representa também um salto dentro da filmografia da diretora Keila Sankofa, além da excelência da equipe técnica talentosíssima, especialmente, o trabalho de som de Heverson Batista e do premiado diretor de arte Francisco Ricardo. 

Por falar em Keila, ela foi uma das finalistas do Lab Negras Narrativas, realizado pela APAN – Associação de Profissionais do Audiovisual Negro, com o projeto “Para ver o futuro”. Ela esteve na comitiva do evento para uma vivência imersiva na Nigéria. 

“Cem Pilum – A História do Dilúvio” também fez bonito no cinema amazonense em 2023. Dirigido por Thiago Morais, a animação sobre uma das histórias contadas por Feliciano Lana, líder do povo Dessana, morto durante a pandemia da Covid-19, a obra circulou por mais de 70 festivais ao redor do Brasil, colecionando prêmios como ocorreu ao ganhar o prêmio do público no 21º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá e o prêmio do júri do Festival Olhar do Norte. 

Thiago ainda segue com a fundamental Oficina de Produção Audiovisual, atividade gratuita ministrada no Museu Amazônico, da Universidade Federal do Amazonas. Em novembro dentro da programação do Cine Theatro Guarany, cineclube da SEC dedicado ao cinema amazonense, houve o lançamento de uma série de curtas produzidos pelos estudantes da iniciativa. 

Sobre os lançamentos do cinema amazonense em 2023, muitas produções irregulares: Roberto Kahane e a Câmera Secreta do Dr. Salim” perde a oportunidade de aproveitar um acervo histórico rico ao trazer uma estrutura rígida e nada criativa; acima do tom, “Ensaio de Despedida”, do Ateliê 23, cansa rapidamente pelo excesso; Controle até chama atenção pela atmosfera angustiante e opressiva sempre bem trabalhada por Ricardo Manjaro, infelizmente, parece não saber para onde levá-la. 

Já “O Desentupidor” mantém o bom cinema underground de Jimmy Christian, enquanto “Prazer, Ana” pode ter os excessos naturais de uma diretora estreante, como é o caso de Sarah Margarido, mas, não deixa de ser eficiente naquilo que denuncia. Por fim, o polêmico “A Estratégia da Fome”, filme de Walter Fernandes Jr que ganhou duas críticas no Cine Set (não, isso não vai virar moda por aqui), foi premiado na Mostra do Filme Livre. 

POLÍTICAS PÚBLICAS CONTURBADAS 

A retomada do Ministério da Cultura no Governo Lula 3 foi um alívio em meio ao marasmo das políticas públicas para o setor no Amazonas e em Manaus. Na capital, o ano começou caótico com o edital Thiago de Mello: lançado em 2022, o certame foi concluído a duras penas após uma série de atrasos, protestos e falhas graves – se você tiver estômago para lembrar, clica aqui para ler a matéria completa. 

A Manauscult passou por mudanças no comando com a saída de Alonso Oliveira para a entrada de Oswaldo Cardoso, porém, o foco na megalomania se manteve. O ápice foi a vinda de David Guetta para o Sou Manaus, evento que a cada edição perde sua verdadeira essência para virar um Rock in Rio sob a fumaça. Já o Conselho de Cultura Municipal perdeu o comando de Tenório Telles, mas, pelo menos, conseguiu regulamentar a Lei de Incentivo à Cultura – o desafio agora é fazê-la funcionar. 

Já a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Amazonas seguiu apostando nos seus eventos tradicionais – Festival de Parintins, Jazz e Ópera. Pena que os editais próprios estaduais continuam só no sonho ainda que o dinheiro esteja longe de faltar… 

A salvação veio mesmo da Lei Paulo Gustavo com editais que devem colocar o cinema amazonense em um outro nível com estímulo à produção de longas e curtas-metragens, modernização de cinemas de rua, cursos e oficinas de audiovisual e muitos outros projetos. 2024 e 2025 tendem a ser promissores para a cultura local.