Caio Pimenta lista 11 possíveis surpresas das indicações ao Oscar 2023, previstas para o dia 24 de janeiro.

NADA DE NOVO NO FRONT líder de indicações

O drama alemão lançado na Netflix no fim de 2022 surpreendeu na longlist do Bafta ao liderar com 15 possibilidades de indicações. É possível que repita este feito no Oscar. 

Ainda que a concorrência com “Avatar” e “Top Gun: Maverick” seja pesada, “Nada de Novo no Front” tem grandes chances de aparecer em Direção de Fotografia, Maquiagem e Penteado, Som e Filme Internacional. Não dá para descartar nomeações a Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Design de Produção, Trilha Sonora e Efeitos Visuais. 

Neste cenário mais otimista, “Nada de Novo no Front” terá 11 indicações, porém, sendo realista, acredito em seis nomeações, entre elas, Melhor Filme. Vale lembrar como a Academia sempre prestigia dramas de guerra. Foram os casos recentemente de “1917”, “Dunkirk”, “Até o Último Homem” e “Sniper Americano”. 

BAZ LUHRMANN EM MELHOR DIREÇÃO

Conhecido por filmes grandiosos e de sucesso como “Romeu e Julieta”, “Moulin Rouge” e “O Grande Gatsby”, o Baz Luhrmann conta apenas com uma indicação ao Oscar até hoje. Engana-se, porém, quem pensa que foi em Direção: na verdade, a nomeação veio em Melhor Filme com o musical estrelado pela Nicole Kidman. 

A oportunidade de mudar este cenário chega agora com “Elvis”. 

O milionário investimento da Warner Bros para promover o longa deu o impulso decisivo para praticamente garantir a cinebiografia em Melhor Filme e dar status de favorito ao Austin Butler, superando a pesada concorrência do Brendan Fraser e Colin Farrell. Como a categoria de Melhor Direção ainda tem, pelo menos, uma vaga disponível, Luhrmann chega forte para emplacar a indicação mesmo estando fora do DGA. 

Joseph Kosinski, James Cameron, Edward Berger e S.S Rajamouli serão os principais rivais do Baz Luhrmann. 

ANA DE ARMAS EM MELHOR ATRIZ

Quem falasse da possibilidade da Ana de Armas ser indicada a Melhor Atriz até o fim de dezembro seria tachado de louco. Agora, entretanto, não mais. 

A intérprete de Marilyn Monroe em “Blonde” faz uma campanha irretocável participando de entrevistas nos principais talk-shows e em constante visibilidade desde o início da temporada. Toda a imagem negativa do péssimo filme de Andrew Dominik soa neutralizada graças ao carisma e talento dela. A indicação ao SAG foi um indicativo de que o jogo definitivamente virou. 

Para efeito de comparação, basta observar as campanhas de Danielle Deadwyler, Michelle Williams e Olivia Colman, principais rivais de Ana de Armas nesta corrida, para ver qual delas possui a campanha mais acertada. 

ANDREA RISEBOROUGH EM MELHOR ATRIZ

O último fim de semana viu surgir uma candidata a Melhor Atriz surgida praticamente do nada. 

O trabalho da Andrea Riseborough em “To Leslie” estava quietinho sem qualquer expectativa de nomeação para o Oscar ou coisa parecida. Não apareceu no SAG, Globo de Ouro, Critics nem na longlist do Bafta.

Bastou uma postagem elogiosa da Jane Fonda para o jogo mudar. Depois, veio Kate Winslet dizendo que a Andrea tem a maior atuação que já viu na vida. Foi o suficiente para mudar a bolsa de apostas, virar meme e colocar a britânica no jogo. Por fim, ainda houve a exaltação da Cate Blanchett no discurso de vitória no Critics Choice.

Todo esta repercussão levará muitos votantes que iriam deixar o filme passar em branco a assisti-lo. A partir daí, vira uma incógnita: terá aquela turma que achará uma atuação maravilhosa e outra que achará um exagero.  

Não duvido também de quem poderá votar nela apenas na zoeira – sim, isso pode acontecer quando se tem um corpo votante tão amplo como a Academia – ou por alguma antipatia em relação às favoritas. No fim das contas, é um movimento imprevisível que pode levar a resultados idem. 

ADAM SANDLER EM MELHOR ATOR

Nos últimos dois anos, as listas do SAG e do Oscar em Melhor Ator foram as mesmas. Caso aconteça pela terceira vez, teremos uma nomeação surpreendente. 

O Adam Sandler pode conquistar a primeira indicação da carreira por “Arremessando Alto”. O drama da Netflix também estava quietinho, sem muito alarde, mas, ganhou sobrevida graças ao astro.

Aqui, além da boa atuação, conta o carinho de uma parte significativa da indústria para com o Sandler e a percepção de que ele transformou a carreira ao longo do tempo buscando um equilíbrio entre as comédias e projetos mais ambiciosos. 

Porém, ele não é o único capaz de surpreender em Melhor Ator.   

DIEGO CALVA EM MELHOR ATOR

A última vaga de Melhor Ator do Oscar 2023 é um dos maiores mistérios da atual edição. Lendas como Tom Cruise e Tom Hanks duelam ao lado de nomes queridos do público como Paul Mescal no cult “Aftersun”. Um mexicano, porém, pode roubar os holofotes. 

Mesmo com “Babilônia” sendo uma produção bastante contestada, dificilmente a Academia irá virar as costas a ela. Afinal, um filme sobre a própria Hollywood e toda a megalomania da indústria nos anos 1920 com uma riqueza técnica absurda não passará despercebida.  

Se Margot Robbie e Brad Pitt estão em categorias com candidatos mais consolidados, Diego Calva pode ser a aposta final da Paramount Pictures para emplacar, pelo menos, um nome nas categorias de atuação.  

Seria uma nomeação à la Javier Bardem, por “Apresentando os Ricardos”, ou seja, aquele trabalho que está na cara que tinha grandes chances, mas, como não gostaríamos muito que acontecesse, preferimos esquecer que existam para focar na nossa torcida.  

Quando o Oscar chega, porém, lá estão eles. 

TOM HANKS EM ATOR COADJUVANTE

Como já disse, acredito que “Elvis” dê uma arrancada boa nesta chegada às indicações, talvez, sendo um dos líderes de nomeações.  

Diante disso, Tom Hanks em Ator Coadjuvante pode ser uma surpresa e tanto. Carinho da Academia, o astro tem de sobra, o que somado à visibilidade do filme pode ajudá-lo a obter a nomeação.

Por outro lado, as maiores fragilidades de “Elvis” residem justamente nos excessos do sotaque e caracterização do Coronel Tom Parker, acima do tom até mesmo para os padrões Baz Luhrmann. 

Seria um erro da Academia, mas, para quem já vai indicar o Eddie Redmayne, por que não? 

MARK RYLANCE em ATOR COADJUVANTE

Já que falamos de um erro, por que não recordar daquele que poderia ser um grande acerto por parte do Oscar em Melhor Ator Coadjuvante? 

Chega a ser inacreditável ver “Até os Ossos”, Luca Guadagnino, Taylor Russell e, claro, Mary Rylance completamente ignorados nesta altura do campeonato. O vencedor do Oscar por “Ponte dos Espiões” tem uma atuação eletrizante pela dubiedade entre a calma e gentileza em contraponto ao perigo e ameaças que representa. 

Minha esperança é que seja resgatado pela ala internacional e cult da Academia, disposta a ousar mais do que a trivial. Seria uma nomeação merecida. 

BARDO E BATMAN EM FOTOGRAFIA 

Bardo” e “Batman” sofreram nesta temporada de premiações: o longa do Alejandro González Iñarritu foi alvo de críticas pesadas desde Veneza e se mantém ainda vivo graças ao prestígio do mexicano e a força financeira da Netflix, enquanto a superprodução do Matt Reeves foi esquecida no rolê pelo foco todo da Warner ter sido concentrado em “Elvis”. 

Restou aos dois, pelo menos, uma última chance de brilhar. 

Ambos tentam uma vaga em Melhor Direção de Fotografia no Oscar 2023. “Bardo” e “Batman” foram indicados ao sindicato da categoria e chegam fortalecidos. O iraniano Darius Khondji tenta voltar ao Oscar mais de 25 anos depois da nomeação por “Evita”, enquanto o Greig Fraser busca a segunda conquista consecutiva após ser premiado no ano passado com “Duna”. 

A grande questão da dupla é conseguir prevalecer diante das produções mais fortes da temporada como “Avatar”, “Top Gun”, “Os Fabelmans”, “Os Banshees de Inisherin, além de forças como Roger Deakins, de “Império da Luz”. 

CORSAGE EM FIGURINO 

O drama austríaco “Corsage” terá uma luta inglória pela frente. 

Afinal, como superar blockbusters do naipe de “Wakanda Forever”, “Elvis”, “Babilônia”, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, “A Mulher Rei” e “Os Fabelmans” para ficar com uma das vagas?  

Por outro lado, “Corsage” é um drama de época, gênero adorado pela Academia e que sempre emplaca, pelo menos, três nomeados desde o início do século. 

Se a indicação vier, será a primeira da carreira da Monika Buttinger. 

CRIMES DO FUTURO EM MAQUIAGEM 

No meio de tantos nomes previsíveis, a shortlist de Melhor Maquiagem e Penteado surpreendeu com a presença de dois filmes: o péssimo “Amsterdam” e o excelente “Crimes do Futuro”. 

“Um Príncipe em Nova York 2”, “Pinóquio”, “Malévola 2” e “Border” são alguns indicados da categoria completamente fora do radar do Oscar nos últimos anos.

A ficção científica do David Cronenberg poderia se juntar ao grupo dos inusitados.