O Globo de Ouro consagrou “Os Banshees de Inisherin”, “Os Fabelmans”, Steven Spielberg, Colin Farrell, Michelle Yeoh, Austin Butler, Cate Blanchett, Ke Huy Qhan e Angela Bassett. 

Já o DGA trouxe a surpresa de Joseph Kosinski em Melhor Direção por “Top Gun: Maverick”, enquanto o Adam Sandler e Ana de Armas foram as novidades no SAG. O PGA apostou nos blockbusters com “Avatar”, “Wakanda Forever”, “Top Gun” e hits como “Elvis” e “Glass Onion”.  

Vamos fazer um panorama das principais categorias do Oscar a partir dos resultados do Globo de Ouro e dos indicados aos prêmios principais sindicatos do cinema norte-americano. 

MELHOR FILME 

Com três prêmios no Globo de Ouro, incluindo, Melhor Filme Comédia/Musical e Roteiro, “Os Banshees de Inisherin” se colocou na dianteira rumo ao Oscar. Isso porque as vitórias vieram em cima de um rival importante e cercado de hype, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”. A comédia dramática do Martin McDonagh cresce no momento certo, é favorito na categoria chave de Roteiro Original e boas possibilidades em Ator e Direção. Para completar, deve ganhar muito impulso com mais gente assistindo nas próximas semanas. 

“Os Fabelmans”, entretanto, reagiu após um período morno junto aos críticos norte-americanos. Sair ganhador da pesada categoria de Filme de Drama e com o Spielberg premiado demonstra que o longa veio para brigar forte. 

TÁR” aposta as fichas na Cate Blanchett para alavancar as chances em Melhor Filme. “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” pode comemorar todo o elenco indicado no SAG e a presença no PGA, mas, não dá para negar que a derrota no Globo de Ouro baqueou um pouco, especialmente, pelo confronto direto com “Inisherin”. 

Avatar” e “Top Gun” conseguiram a nomeação esperada em dublê no SAG e não tinha grande expectativa no Globo de Ouro. A sinalização dos produtores de ser uma temporada dos blockbusters os garantem no Oscar de Melhor Filme. Com Joseph Kosinski no DGA, Tom Cruise ainda pode pensar em uma mísera chance de vitória. 

O PGA também alegrou as possibilidades de “Wakanda Forever” e “Glass Onion”. A superprodução da Marvel, inclusive, se vê fortalecida por até sonhar com a possibilidade de um Oscar de Atriz Coadjuvante após o Globo de Ouro. Já o suspense da Netflix ganhou um alento após ter o elenco esnobado no SAG. 

Elvis” pode não ter visto o Baz Luhrmann no DGA, porém, não tem do que reclamar com Austin Butler muito bem colocado em Melhor Ator. O astro deve levar a cinebiografia à categoria máxima. 

The Whale” tentará uma surpresa nesta reta final: entrou de última hora no PGA, Hong Chau surgiu no SAG, Brendan Fraser continua forte em Ator. Está definitivamente de volta ao radar. “Babilônia” ficou fora do prêmio dos produtores, mas, está em Melhor Elenco no SAG igual “Entre Mulheres”. Ambos, porém, não vivem a melhor fase. 

Os principais estrangeiros como “RRR” e “Nada de Novo no Front” não tiveram um desempenho bom até aqui – inclusive, a vitória de “Argentina, 1985” no Globo de Ouro provocou uma surpresa inesperada para estes dois. Corre o risco de repetir 2021 sem produções internacionais em Melhor Filme. 

PREVISÃO DOS INDICADOS – MELHOR FILME

  • “Os Fabelmans”
  • “Os Banshees de Inisherin”
  • “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”
  • “TÁR”
  • “Elvis”
  • “Avatar: O Caminho da Água”
  • “Top Gun: Maverick”
  • “Babilônia”
  • “Nada de Novo no Front”
  • “Wakanda Forever”

MELHOR DIREÇÃO 

A lista de indicados ao Sindicato dos Diretores não foi das mais surpreendentes. 

Estão lá o Steven Spielberg, por “Os Fabelmans”, Todd Field, de “TÁR”, os Daniels, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, Martin McDonagh, por “Os Banshees de Inisherin” e o Joseph Kosinski, de “Top Gun: Maverick”. 

Da turma de estreantes, os cinco finalistas são a Charlotte Wells, por “Aftersun”, Alice Diop, de “Saint Omer”, John Patton Ford, por “Emily the Criminal”, Audrey Diwan, de “O Acontecimento” e Antoneta Alamat Kusijanovic, por “Murina”. 

Para o Oscar, vejo três garantidos: são o Steven Spielberg, fortalecido pela conquista no Globo de Ouro, o Martin McDonagh, o qual está em um dos filmes da temporada e não acho que a Academia irá esnobar novamente igual fizera com “Três Anúncios Para um Crime”, e o Todd Field, elogiado de forma unânime ao longo da temporada. 

Pode ser quem estranhe eu não cravar os Daniels, porém, é bom lembrar como a Academia deixa de fora dos finalistas algum nome considerado certo. Aconteceu em 2022 com o Denis Villeneuve por “Duna”, Aaron Sorkin de “Os Sete de Chicago” em 2021, e Bradley Cooper por “Nasce uma Estrela” em 2019. Acredito que a dupla pode ser a bola da vez neste ano, pois, dos favoritos ao Oscar, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” é o mais divisivo e com menor exaltação em relação aos líderes da categoria. 

Quanto à última vaga, o Kosinski deu um passo importante para ser o representante dos blockbusters. O James Cameron até pode ficar com a vaga, mas, a sensação clara de que ele não será o vencedor neste ano pode criar um clima de abrir uma oportunidade para alguém mais novo ser indicado pela primeira vez. Desta vez, o diretor de “Top Gun” se beneficiaria. 

O Baz Luhrmann também é possível, mas, como sempre ressalto, ele tem um estilo que é ame-o ou deixe-o: haverá aqueles que gostam das afetações e excessos dele, enquanto outros viram a cara. Porém, nunca subestimemos o poder de uma cinebiografia. Também não dá para desconsiderar Damien Chazelle, diretor queridinho da Academia com duas indicações e uma vitória com apenas três filmes na carreira. 

Ainda há os candidatos estrangeiros que a ala internacional da Academia gosta inserir na disputa. A grande questão desta temporada é que não há uma unanimidade e isso pode dividir votos entre o Edward Berger, de “Nada de Novo no Front”, o S.S Rajamouli, de “RRR”, e o Ruben Östlund, de “O Triângulo da Tristeza”. Por fim, a única possibilidade ver uma mulher indicada é a Charlotte Wells, por “Aftersun”, porém, seria um milagre superar todos os nomes falados anteriomente. 

PREVISÃO DOS INDICADOS – MELHOR DIREÇÃO

  • Steven Spielberg, por “Os Fabelmans”
  • Martin McDonagh, por “Os Banshees de Inisherin”
  • Todd Field, por “TÁR”
  • Baz Lurhmann, por “Elvis”
  • Joseph Kosinski, por “Top Gun: Maverick”

MELHOR ATOR 

Ganhadores do Globo de Ouro e indicados ao SAG, Austin Butler e Colin Farrell estarão no Oscar. Também não dá para imaginar a lista de nomeados na Academia sem o Brendan Fraser. São os favoritos e um dos três será o vencedor. 

A quarta vaga também já tem dono. 

O Bill Nighy está com a indicação encaminhada por “Living”. Mesmo em um filme discreto aqui na temporada, o britânico vem sendo figura cativa ao lado dos favoritos como comprovaram as nomeações ao Globo de Ouro, Critics e ao SAG. Com certeza será nomeado ao Bafta. 

A última indicação a Melhor Ator virou uma bagunça sem fim com o SAG indicando o Adam Sandler. O astro está em “Arremessando Alto”, dramédia de superação esportiva em que, de fato, ele está bem ainda que longe do brilhante como vimos em “Joias Brutas”. Porém, por ser um filme mais palatável ao gosto médio da Academia e o Sandler não ter uma indicação ao Oscar pode pesar. Vale lembrar, como eu disse no último vídeo, que as listas dos dois eventos foram as mesmas nos dois últimos anos. 

O Adam Sandler, porém, não deve sossegar porque tem muita gente de olho nesta vaga. 

O Paul Mescal, por exemplo, é um deles: o desempenho dele em “Aftersun” virou o xodó entre a cinefilia ativa nas redes sociais e por uma parte dos críticos. A questão é saber se a ala britânica consegue emplacar dois nomeados em um mesmo ano. Já o Hugh Jackman sofre com um filme que não decolou. Ainda assim, o prestígio do australiano é grande suficiente na indústria para driblar isso.  

Diego Calva pode se beneficiar dependendo da maneira como a Academia irá acolher “Babilônia”: se a superprodução do Chazelle surpreender com muitas indicações, incluindo Melhor Filme, as chances dele sobem consideravelmente, agora, se ficar apenas com domínio nas áreas técnicas, o mexicano não será nomeado. Já Gabriel LaBelle e Jeremy Pope seriam surpresas improváveis neste momento. 

Quanto ao Tom Cruise, parece que não vai rolar mesmo a ideia de prestigiá-lo por conta do astro de ação que ele é. A indicação ao Oscar 2023 do astro virá mesmo em Melhor Filme como produtor de “Top Gun: Maverick”. 

PREVISÃO DOS INDICADOS – MELHOR ATOR

  • Brendan Fraser, por “The Whale”
  • Colin Farrell, por “Os Banshees de Inisherin”
  • Bill Nighy, por “Living”
  • Austin Butler, por “Elvis”
  • Diego Calva, por “Babilônia”

MELHOR ATRIZ 

O duelo em Melhor Atriz pela vitória tem tudo para ficar entre as ganhadoras do Globo de Ouro: Michelle Yeoh contra Cate Blanchett. As duas estão na corrida pelo SAG e pelo Critics Choice.  

Quanto às demais vagas, está tudo em aberto como demonstrou o SAG. 

A Danielle Deadwyler se aproximou da indicação ao ser nomeada no Sindicato dos Atores. Pela baixa visibilidade por conta de uma campanha longe de ser das mais fortes, havia o temor de “Till” não ser visto e prejudicá-la. Parece que este não será o problema. 

Quem não enfrenta problema com campanha é a Viola Davis ao contar com o apoio e a grana da Sony Pictures. A estrela de “A Mulher Rei” está crescendo na hora certa e, hoje, se posiciona em situação melhor do que algumas consideradas favoritas semanas atrás. 

A melhor campanha da temporada, porém, está em Ana de Armas: a atriz se desvencilhou da péssima repercussão de “Blonde” para fazer o filme ser sobre ela. A virada na narrativa deu certo com a nomeação ao SAG. 

Já a Margot Robbie cai naquilo que falei sobre o Diego Calva em relação a “Babilônia”. A diferença é que ela é uma estrela consagrada de Hollywood, o que pode ajudar na votação. Quanto as demais – Jennifer Lawrence, Emma Thompson, Olivia Colman – parecem carta fora do baralho. 

Mas, é claro que você está aqui para saber sobre a Michelle Williams, esnobado no SAG. Isso significa que acabou para ela? Não. “Os Fabelmans” mostrou força no Globo de Ouro, no PGA e no próprio Sindicato dos Atores com duas nomeações. Ela é uma estrela respeitada e querida de Hollywood em um filme idem.  

Agora, há o aspecto de muitos não a enxergarem como protagonista: “Os Fabelmans” não é um filme sobre a personagem ainda que tenha total influência nos rumos da trama. E quando você compara com todas as demais candidatas, o choque disso é muito forte e pesa. 

PREVISÃO DOS INDICADOS – MELHOR ATRIZ 

  • Michelle Williams, por “Os Fabelmans”
  • Michelle Yeoh, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”
  • Cate Blanchett, por “TÁR”
  • Viola Davis, por “A Mulher Rei”
  • Ana de Armas, por “Blonde”

MELHOR ATOR COADJUVANTE 

Em Ator Coadjuvante, a corrida pelas cinco vagas parece bem definida. 

O Ke Huy Quan terá que fazer alguma besteira enorme para perder o Oscar. O discurso emocionante dele no Globo de Ouro recordando o trabalho ao lado de Steven Spielberg em “Indiana Jones” e ter sido resgatado com “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” foi para selar a conquista. 

Barry Keoghan e Brendan Gleeson fizeram a dobradinha no Globo de Ouro, Critics e SAG. Impossível não repetirem o feito no Oscar. O Eddie Redmayne, por incrível que pareça, conseguirá a nomeação pelo fraquinho “O Enfermeiro da Noite”. 

O Paul Dano deu um passo importante para ficar com a última vaga após a nomeação no SAG. A fraca concorrência ajuda o ator de “Os Fabelmans”: “Babilônia” atrapalha o Brad Pitt, Ben Whishaw sofre com “Entre Mulheres” que não deslancha, “Até os Ossos” é muito pesado para o gosto da Academia, atrapalhando o Mark Rylance, e o Judd Hirsch será suplantado por ele. Então, deve ser Paul Dano mesmo. 

PREVISÃO DOS INDICADOS – MELHOR ATOR COADJUVANTE

  • Paul Dano, por “Os Fabelmans”
  • Ke Huy Quan, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”
  • Barry Keoghan e Brendan Gleeson, por “Os Banshees de Inisherin”
  • Eddie Redmayne, por “O Enfermeiro da Noite”

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE 

Por fim, Melhor Atriz Coadjuvante está emocionante com a vitória da Angela Bassett no Globo de Ouro. Não ouso colocá-la ainda como favorita ao Oscar; acho ainda precipitado, mas, a conquista serve para mostrar como ela está forte em uma corrida muito embolada e pode vencer. 

A Jamie Lee Curtis e a Kerry Condon também estão praticamente garantidas no prêmio da Academia. As duas estiveram no Globo de Ouro, SAG e Critics. Até agora, emplacaram tudo. 

Daí em diante, o cenário fica bem imprevisível. 

A Stephanie Hsu chegar no SAG mostra a força de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” perante os atores. Com isso, a antagonista pode se beneficiar ainda que a atuação dela encontre resistência em certos nichos da cinefilia e crítica. Também presente na lista do sindicato, a Hong Chau se recupera após um período de baixa com o nome dela até esquecido. A grande questão é ela não sumir na força que pode levar o Brendan Fraser à vitória por “A Baleia”. 

A esnobada no SAG foi um golpe duro nas pretensões da Janelle Monáe. A situação piora ao lembrarmos que o elenco de “Glass Onion” também foi esquecido. Pode ser um sinal de que a simpatia ao filme não encontre tanto eco assim na Academia.  

Não é o caso da Jessie Buckley: “Entre Mulheres” foi nomeado em Elenco, mas, ela ficou de fora. Logo, sinal amarelo para a britânica. Quanto à Dolly De Leon e Carey Mulligan, as duas sofrem com filmes que não decolaram na temporada. 

PREVISÃO DOS INDICADOS – MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

  • Angela Bassett, por “Wakanda Forever”
  • Jamie Lee Curtis e Stephanie Hsu, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”
  • Kerry Condon, por “Os Banshees de Inisherin”
  • Janelle Monáe, por “Glass Onion”