Caio Pimenta traz a primeira parte das previsões finais para as indicações ao Oscar 2024.

TRILHA SONORA

Ganhador do Globo de Ouro e Critics Choice, o Ludwig Göransson é favoritaço com “Oppenheimer”. O sueco já venceu o prêmio anteriormente com “Pantera Negra”. O saudoso Robbie Robertson ganha uma indicação póstuma por “Assassinos da Lua das Flores”. Será a primeira vez dele no Oscar.  

Xodó dos últimos anos sempre com um nomeado, as animações estarão presentes com “Homem-Aranha Através do Aranhaverso”, do Daniel Pemberton. Ele já foi indicado uma vez com a canção de “Os Sete de Chicago”. O Jerskin Fendrix estreia no Oscar com a trilha de Pobres Criaturas. A disputada última vaga deve ficar com Joe Hisaishi de “O Menino e a Garça”. 

Com possibilidades reais de indicações, vejo duas lendas: o John Williams na despedida dele da série Indiana Jones e o Thomas Newman, compositor de “Elementos”. Vale lembrar que ele é um dos maiores perdedores da história do Oscar ao ter sido nomeado 15 vezes e nunca ganhar. Outra possibilidade real é a Mica Levi, de Zona de Interesse”. 

“Barbie” e “A Sociedade da Neve” são azarões e praticamente aparecem sem chances. 

figurino

Melhor Figurino traz “Barbie” com grande favoritismo. Caso se confirme, será a terceira estatueta da carreira da Jacqueline Durran.

O maior rival tende a ser “Pobres Criaturas” graças ao vestuário chamativo da Emma Stone. Será a estreia da Holly Waddington na festa.

“Assassinos da Lua das Flores” com a Jacqueline West e “Oppenheimer” com a Ellen Mirojnick investem no tradicionalismo para conseguirem as suas vagas na categoria. Por fim, Maestro deve marcar o retorno do duas vezes ganhador do Oscar, Mark Bridges, à categoria após quatro anos. 

Se “Barbie” não gastar toda a cota dos filmes de fantasia, “Wonka” é uma outra possibilidade interessante. Aparecem também com boas chances “Napoleão” e “Saltburn”. Infelizmente correndo por fora estão “Crescendo Juntas” e “Asteroid City”, dois figurinos que poderiam estar entre os indicados sem maiores dificuldades. 

DIREÇÃO DE ARTE

Direção de Arte é outra categoria em que “Barbie” sobra. É, sem dúvida, a maior possibilidade da carreira da Sarah Greenwood vencer o prêmio; ela já foi indicada seis vezes sem vitórias.

O duelo novamente será contra “Pobres Criaturas”, outra produção ambientada no mundo fantástico.

Seguindo na mesma toada de Melhor Figurino, “Assassinos da Lua das Flores” e “Oppenheimer” representam os longas de época ao lado de “Napoleão”. 

Uma possibilidade real e que seria muito justo é “Asteroid City”, misturando sci-fi com teatro. “A Cor Púrpura” também está de olho na quinta vaga. Mais atrás na categoria com poucas chances de êxito estão “Maestro”, “Zona de Interesse” e “Saltburn”. 

som

“Maestro”, “Zona de Interesse”, “Ferrari” e “Napoleão” seriam espectadores de luxo da vitória consagrada de “Oppenheimer” em Melhor Som.

Somente um milagre para que a equipe do Christopher Nolan não seja premiada. Candidata a maior barbada do dia 10 de março. 

“Assassinos da Lua das Flores” e “Barbie” são fortes candidatos para pegarem as últimas vagas.

Os excelentes trabalhos de “O Assassino” e “Missão Impossível – Parte I: Acerto de Contas”, infelizmente, correm por fora, quase sem chances de indicações. 

EFEITOS VISUAIS

Acredito que efeitos visuais será uma das categorias mais interessantes do ano. 

Em uma temporada de blockbusters nada animadores, o prêmio deverá se abrir para competidores asiáticos e europeus.

Sendo assim, acredito nas indicações do japonês “Godzilla Minus One”, potencial candidato a ser o vencedor, e do espanhol “A Sociedade da Neve”.

“Homem-Aranha Através do Aranhaverso” caminha para fazer história e se juntar a “O Estranho Mundo de Jack” e “Kubo” como as únicas animações nomeadas a Efeitos Visuais.

“Resistência” e “Guardiões da Galáxia 3” defenderão a honra da velha guarda hollywoodiana. 

“Pobres Criaturas” e “Napoleão” são candidatos possíveis. Já “Indiana Jones” e “Rebel Moon” conseguem as vagas apenas se a Academia se mostrar extremamente conservadora, o que não vem sendo o caso. 

MAQUIAGEM E PENTEADO

A grande e, provavelmente, única chance de vitória de “Maestro” será em Maquiagem e Penteado. Pode ser a terceira vitória do Kazu Hiro na categoria; anteriormente, ganhou com “O Destino de uma Nação” e “O Escândalo”.

“Pobres Criaturas”, entretanto, está ali na cola por trabalho da equipe liderada pela Nadia Stacey. Por conta de sua onipresença na festa, “Oppenheimer” deve aparecer aqui junto com “A Sociedade da Neve”.

Fecha o time “Golda” a espetacular transformação de Helen Mirren em Golda Meir. 

Maquiagem e Penteado é uma categoria em que sempre aquele filme mais improvável na temporada aparece.

Beau tem Medo” e “Drácula – A Última Viagem de Demeter” vão na busca de serem essa surpresa; aliás, torço bastante para o drama do Ari Aster roubar a vaga de “Oppenheimer”. “Ferrari”, “Napoleão” e “Assassinos da Lua das Flores” correm por fora. 

DOCUMENTÁRIO

American Symphony” chega a Melhor Documentário mais fraco do que há uns meses quando, exageradamente, era cogitado a Melhor Filme. Ainda assim, Jon Batiste é um dos nomes mais fortes do showbusiness norte-americano da atualidade e protagoniza uma obra intimista capaz de comover grande parte dos votantes da Academia.

“Still” também segue a mesma linha ao falar sobre a carreira de Michael J. Fox e a luta contra o Mal de Parkinson.  

Em uma linha parecida com “Navalny”, “Beyond Utopia” mostra a perseguição feita pelo governo da Coreia do Norte contra diversas famílias que se opõe ao regime do país.

A força internacional será mostrada com as presenças do tunisiano “As Quatro Filhas de Olfa” e do ucraniano “20 Days in Mariupol”.

Este último, aliás, cresceu nas últimas semanas e surge para assumir o posto de favorito ao trazer uma série de duras imagens da invasão russa à Ucrânia feita por jornalista da Associated Press. Premiá-lo pode ser o maior sinal de apoio da Academia ao país desde o início da guerra. 

“Going To Mars: The Nikki Giovanni Project” e “The Eternal Memory” são outras possibilidades para as cinco vagas. 

ANIMAÇÃO

Melhor Animação traz um mistério interessante: será que a Disney fica fora da categoria pela primeira em mais de 10 anos? 

A última vez em que o estúdio do Mickey não teve um único concorrente ao prêmio foi em 2012, ano da vitória de “Rango”.

Apesar do Annie Awards ter dado um susto, acredito que “Elementos” consiga a vaga de última hora tanto pela tradição e força da Disney em seu centenário como pela própria mensagem de união trazida pelo longa. 

O duelo maior, entretanto, ficará mesmo com “O Menino e a Garça” e “Homem-Aranha Através do Aranhaverso”. A Netflix estará com “Nimona” e “As Tartarugas Ninja – O Caos Mutante” fecha os indicados. 

Se a Academia estiver generosa com as produções internacionais como esteve em 2012, uma saída seria o japonês “Suzume” repetir o feito do Globo de Ouro e surgir aqui – talvez na vaga de “Elementos”. Também há a chance de Robot Dreams ser um aceno a produções com temáticas para além do infantil. 

Correndo por fora vejo Super Mario Bros, o qual dependerá demais da nostalgia e da bilheteria astronômica, o polonês “The Peasants” e “Fuga das Galinhas 2”, animação que simplesmente não decolou como esperado pela Netflix. 

ATRIZ COADJUVANTE

Se a briga pela vitória não existe, Melhor Atriz Coadjuvante deixa um suspense para saber com quem ficam as duas últimas vagas. 

Premiada no Globo de Ouro e Critics Choice, a Da´Vine Joy Randolph é mais do que favorita por “Os Rejeitados”. Danielle Brooks, de “A Cor Púrpura”, e Emily Blunt, por “Oppenheimer”, são outros nomes garantidos, presentes em todos os precursores do Oscar até aqui.  

Minhas apostas para as últimas vagas serão na Jodie Foster, lembrada no SAG, Globo de Ouro e longlist do Bafta, e a Sandra Huller, um dos grandes nomes da temporada aproveitando o embalo final positivo de “Zona de Interesse”.  

Acredito que a Sandra Huller seja capaz de repetir os feitos de nomes como Scarlett Johansson, Cate Blanchett, Jamie Foxx, Julianne Moore, Al Pacino e Jessica Lange e muitos outros de ser indicada no mesmo ano duas vezes.   

Se não rolar, a Julianne Moore e a Penélope Cruz estão ali e podem ficar com a vaga. A ganhadora do Oscar por “Para Sempre Alice”, entretanto, vê “Segredos de um Escândalo” chegar a este momento enfraquecido por ter sido deixado de lado no PGA e SAG. O alento foi a presença dela na longlist do Bafta.   

Já a estrela de “Ferrari” apareceu entre as finalistas do sindicato dos atores quando ninguém esperava. Foi assim também que esteve no Oscar com “Nine”, musical com desempenho pífio na Academia, mas, em que ela conseguiu chegar. O raio pode sim cair duas vezes no mesmo lugar.  

A Rosamund Pike corre por fora, porém, a Variety apontou um crescimento nas chances de “Saltburn” na reta final das votações aos indicados. Não duvido de ela ser uma das surpresas de última hora, sendo salva pelos britânicos, os quais, aliás, a colocaram na longlist do Bafta.  

America Ferrera depende demais do quanto “Barbie” será abraçada pela Academia. Ainda assim, os sinais até o momento da temporada a colocam de lado. Pior mesmo é a Rachel McAdams: a cinefilia e críticos até tentam fazer a indústria olhar para o trabalho dela em “Crescendo Juntas” com mais carinho, mas, tudo leva a crer que não vai rolar. Uma pena. 

ATOR COADJUVANTE

Até duas semanas atrás, a corrida de Melhor Ator Coadjuvante parecia fechada. Nada do que as indicações ao SAG não fossem capazes de alterar.  

Robert Downey Jr, premiado no Globo de Ouro e Critics Choice, Ryan Gosling e Robert De Niro podem se sentir garantidos entre os finalistas.

Daí em diante, tudo aberto: caso a Academia esteja em relacionamento sério com “Pobres Criaturas”, Willem Dafoe e Mark Ruffalo serão nomeados juntos. Situação vista recentemente com o Brendan Gleeson e Barry Keoghan, de “Os Banshees de Inisherin”, Kodi Smit-McPhee e Jesse Plemons, por “Ataque dos Cães”, Daniel Kaluuya e LaKeith Stanfield, ambos por “Judas e o Messias Negro”, Al Pacino e Joe Pesci, de O Irlandês e Woody Harrelson e Sam Rockwell, de Três Anúncios Para um Crime. 

“American Fiction”, entretanto, parece forte após estar no PGA e SAG. Logo, como deixar o Sterling K. Brown de fora? Extremamente querido em Hollywood, o ator conhecido por “This is Us” foi a grande surpresa da lista do sindicato dos atores e busca a consolidação nos cinemas.  

E ainda tem o Charles Melton: o jovem galã começou a temporada muito bem com o Gotham Awards e os prêmios da crítica. A inesperada queda de “Segredos de um Escândalo”, porém, jogou tudo por água abaixo. A esnobada no SAG pode ter sido o golpe fatal. 

Levando em consideração este cenário todo, para mim, as duas vagas finais serão do Sterling K. Brown e do Mark Ruffalo. Aqui, eu aposto nas diferenças das listas do SAG e do Oscar: nos últimos anos, há, pelo menos, um nome que muda. 

Correndo por fora nesta briga toda, tem o Dominic Sessa, o qual não descartaria por estar ao lado de dois potenciais vencedores. Logo, ele poderia aproveitar o embalo e beliscar a indicação dele também.